O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, comemorou na noite deste domingo (7) a ida ao segundo turno das eleições, no qual enfrentará Jair Bolsonaro, do PSL.
Até a última atualização desta reportagem, com 99% das urnas apuradas no país, Haddad havia registrado 29,13% dos votos, enquanto Bolsonaro registrava 46,13%.
Após a confirmação do segundo turno, Haddad fez um pronunciamento no Hotel Pestana, em São Paulo, ao lado de aliados. Na fala, afirmou que é preciso aproveitar o segundo turno com “sobriedade” e “senso de responsabilidade”.
O petista disse que deseja “unir os democratas do Brasil”. Ele informou que já conversou com três candidatos que ficaram de fora do segundo turno: Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL).
“Nós queremos unir os democratas do Brasil, nós queremos unir as pessoas que têm atenção aos mais pobres desse país tão desigual. Queremos um projeto amplo para o Brasil, profundamente democrático, mas também que busque de forma incansável justiça social”, declarou.
“Achamos que há muita coisa em jogo no Brasil em 2018, é uma eleição incomum […] muito diferente de todas as que participamos. […] Essa [eleição] de 2018 coloca muita coisa em jogo, muita coisa em risco, o próprio pacto da Constituinte de 88 está hoje em jogo em função das ameaças que sofre quase que diariamente”, completou Haddad.
‘Armas’
Haddad afirmou que iniciará nesta segunda-feira (8) a campanha do segundo turno, que, para ele é uma “oportunidade de ouro” para discutir “olho no olho” do eleitor e vencer a eleição. O candidato disse que terá o “argumento” como “única arma”.
“Nós vamos enfrentar esse debate, quermos enfrentar esse debate muito respeitosamente. Nós vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento”, bradou.
“Nós não portamos armas, nós vamos com a força do argumento para defender o Brasil e o seu povo, sobretudo o povo mais sofrido desse país, que espera responsabilidade social de todos nós”, completou o candidato do PT.
Candidatura tardia
Apadrinhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo só teve a candidatura confirmada em 11 de setembro, depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrar a candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa.
Nas palavras de Haddad, que à época percorria o país como vice, Lula lhe conferiu a missão de assumir a candidatura com o slogan “O Brasil feliz de novo”, com a promessa ao eleitor de trazer de volta o “Brasil de Lula”.
Ao optar por Haddad, o PT apostou na transferência de votos do ex-presidente. Haddad tinha 4% nas pesquisas. Neste domingo, quase chegou à casa dos 30%.
A candidatura teve de lidar com desgastes. Em setembro, Haddad foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Mas a Corregedoria do Ministério Público decidiu investigar o procurador que denunciou Haddad por ter apresentado a acusação no período eleitoral.
Outro ponto de degaste para Haddad foi a situação de Lula. No último dia 1º, o juiz federal Sergio Moro retirou o sigilo de parte do acordo de delação de Antonio Palocci, ministro nos governos petistas. A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deu 15 dias para Moro explicar a divulgação justamente na semana anterior à eleição.