20 de abril de 2024

Marcio Bittar escreve: “Fracasso educacional em um país que gasta muito, mas gasta mal”

O Estado brasileiro sempre foi mestre em atrapalhar o crescimento. Suga muito com impostos, taxas e contribuições e gasta demais com mordomias e incompetências. Na Educação, foram mais de 13 anos da mesma toada. Gastamos anualmente cerca de 6% do PIB para termos um ensino considerado um dos mais medíocres do mundo.

Há explicações de diversas naturezas para o retumbante fracasso educacional brasileiro. Com a pedagogia do não esforço, reinante no país, não se pode esperar por melhorias. Não se faz uma boa educação sem respeito ao mérito e ojeriza à preguiça. Ademais, os petistas transformaram o ensino brasileiro em um meio de aplicar uma engenharia social e espalhar ideias políticas venais. Cometeram um verdadeiro crime contra o país e seu futuro com a massificação doutrinal de ideias há muito superadas.

Marcio Bittar, senador da República

Nos países tratados como exemplos em ensino, no geral, em seus sistemas, nas últimas décadas, destacam-se as seguintes tendências gerenciais: regularização completa do fluxo educacional; aumento da escolaridade média de suas populações; investimentos consistentes de seus gastos públicos e privados em educação; consciência clara do poder dos incrementos educacionais em seus recursos humanos; ênfase na educação profissional, técnica e tecnológica; diversificação e abertura de leques de oportunidades aos jovens, tanto no ensino médio, quanto no ensino superior; melhoria fundamental e paulatina da qualidade do aprendizado (alto desempenho escolar) na educação básica ou elementar; formação inicial sólida de professores; e valorização e status social para diretores e professores, dentre outros aspectos.

O desafio da qualificação é estrutural, pois rebate em diversas áreas, implica na construção de instituições vigorosas de formação técnica e na resolução de problemas da formação educacional, que são antigos e de difícil superação. É salutar afirmar que um ensino básico de qualidade é condição necessária para uma boa formação técnica e profissional, ou seja, a formação de pessoas que ajudarão efetivamente no desenvolvimento econômico.

Portanto, a educação básica é um pré-requisito para que haja melhor capital humano. Esse é um fato presente nas nações mais desenvolvidas do mundo. A formação, o treinamento e o desenvolvimento de habilidades são centrais na criação de possibilidades e de caminhos a serem tomados para o fortalecimento do crescimento econômico, no desenvolvimento de negócios e na distribuição de riquezas por meio do aumento da renda pelo trabalho dos brasileiros e, em especial, dos acreanos.

Há graves entraves para o desenvolvimento de um ensino de qualidade, entendido como aquele que proporcione, de forma efetiva, aos estudantes o desenvolvimento de habilidades e competências e a aquisição de conhecimentos fundamentais para uma vida melhor e mais produtiva. Importante ressaltar que os problemas típicos são comuns ao Brasil, aos estados e aos municípios, variando em intensidade, ressalvadas especificidades de estilo e qualidade de administração e de relacionamento dos dirigentes com as corporações educacionais dos sistemas de ensino.

A maior parte desses entraves instala-se já no ensino fundamental e médio. O baixo desempenho na educação básica condiciona a qualidade do ensino superior, pois esta etapa depende estruturalmente da qualidade dos ensinos fundamental e médio. Sobre essa sentença não há mistério, o ensino é acumulativo e os problemas, quando não sanados no tempo pertinente, se arrastam e acompanham o estudante durante toda a sua vida escolar.

De acordo com um estudo do Instituto Paulo Montenegro, realizado em parceria com a ONG Ação Educativa, em 2012, 38% dos alunos de universidades brasileiras não dominavam habilidades básicas de leitura e escrita. Ou seja, podiam ser considerados analfabetos funcionais. O percentual é assustador. Mais de um terço dos alunos de ensino superior não são capazes de ler com competência.

Não há escapatória. É preciso estruturar o ensino e introduzir pedagogias baseadas em evidências científicas, afastando velhos dogmas pedagógicos, de conteúdo predominantemente ideológico e frágil em termos científicos. Dessa maneira, será preciso substituir a metodologia hegemônica do construtivismo, que tem provado ser um remédio sem eficiência de aprendizado.

Um sistema de ensino fortalecido e associado à implantação de uma robusta política econômica, industrial e agropecuária diferenciada, que procure o alto valor agregado, que incorpore o respeito ao meio ambiente como um valor, que contenha inovação, tecnologia e competitividade devolverá o desenvolvimento ao Estado.

Há muito por se fazer. Nos próximos anos deveremos plantar as sementes de mudanças tão esperadas pelo povo brasileiro e acreano. Não acreditamos que isso possa ser feito pelos mesmos que levaram o ensino à completa degradação cognitiva e moral. Essas pessoas são os responsáveis pelo estado atual de indigência educacional. Do alto de suas cátedras, assistiram e contribuíram para o retumbante fracasso do ensino. Nada poderão fazer, pois já demostraram, consistentemente, omissão, incompetência e má-fé.

Marcio Bittar é senador eleito pelo MDB do Acre

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