O Brasil registrou uma redução de 16% no número de detecções de Aids nos últimos seis anos, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado nesta terça-feira (27) pelo Ministério da Saúde.
Em 2012, a taxa de detecção era de 21,7 casos por cada 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3, uma queda de 15,7%.
Ainda segundo o boletim, nos últimos quatro anos também houve queda de 16,5% na taxa de mortalidade pela síndrome passando de 5,7 mortes por 100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos em 2017.
Para o ministério, a ampliação do acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento são razões para a queda. O diagnóstico precoce é importante para que a pessoa com o vírus HIV não desenvolva Aids e controle o vírus no organismo com os remédios disponíveis.
O boletim mostra ainda a diminuição da transmissão vertical do HIV, quando o bebê é infectado durante a gestação. A taxa de detecção de HIV em bebês reduziu em 43% entre 2007 e 2017, caindo de 3,5 casos para 2 por cada 100 mil habitantes. O aumento de testes realizados na Rede Cegonha contribuiu para a identificação de novos casos em gestantes. Em 2017, a taxa de detecção foi de 2,8 casos por 100 mil habitantes.
Nos últimos 7 anos, houve ainda redução de 56% de infecções de HIV em crianças expostas ao vírus após 18 meses de acompanhamento. Os novos dados ainda mostram que 73% das novas infecções de HIV ocorrem no sexo masculino, sendo que 70% dos casos entre homens estão na faixa de 15 a 39 anos.
De 1980 a junho de 2018, o Brasil registrou 926.742 casos de Aids no Brasil, uma média de 40 mil novos casos por ano. O número anual de casos de Aids vem diminuindo desde 2013, quando atingiu 43.269 casos; em 2017 foram registrados 37.791 casos.
Autoteste gratuito
O ministério informou ainda que a partir de janeiro, também haverá na rede pública a oferta do autoteste de HIV para populações-chave.
Serão distribuídas 400 mil unidades deste tipo de teste, inicialmente como um projeto piloto nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus.
Atualmente, o autoteste de HIV já é vendido nas farmácias privadas do país, mas os resultados não podem ser utilizados para o diagnóstico definitivo. O Ministério da Saúde orienta que em caso de teste positivo o usuário busque o serviço de saúde para testes complementares.
Nas caixas de autoteste distribuído pelo SUS, haverá um número 0800 do fabricante para tirar dúvidas e dar orientações aos usuários. Este serviço funcionará 24 horas e 7 dias por semana. Além disso, o usuário pode tirar dúvidas pelo Disque Saúde 136 e no site www.aids.gov.br/autoteste.
Tratamento
Segundo o Boletim Epidemiológico, da estimativa de pessoas infectadas pelo vírus no país, 84% estão diagnosticadas e, portanto, têm conhecimento do estado sorológico.
Embora essa taxa tenha se mantido de 2016 para 2017, o índice de pessoas em tratamento aumentou, passando de 60% para 75%. Até setembro de 2018, 585 mil pessoas estavam em tratamento para Aids no Brasil. Destes, 87% estão fazendo tratamento com o remédio Dolutegravir.
A meta da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2020 é que o percentual de diagnosticados chega a 90%. Destes, espera-se que 90% façam tratamento e que 90% também cheguem ao nível indetectável de HIV no sangue — estado de tamanha baixa na concentração do vírus que a chance de transmissão do vírus é quase nula.
Atualmente, o Brasil tem 866 mil pessoas portadoras do HIV ou com Aids, segundo estimativa o Ministério da Saúde. Destas, 92% estão com o vírus indetectável.
“A pessoa que é indetectável não transmite o HIV. É um benefício pessoal porque não adoece e não morre, e não transmite o vírus”, disse a diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST, HIV, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, durante o lançamento da campanha de prevenção ao vírus.
“A não transmissão do vírus quebra os estigmas. A pessoa que chega ao nível indetectável, domina o vírus.”
Embora as taxas estejam aumentando em direção às recomendações da ONU, em termos numéricos, houve um aumento gradual no número de casos diagnosticados de HIV entre 2012 e 2017, passando de 491 mil para 731 mil pessoas.
“É um momento de reflexão pelos avanços que temos conseguido”, disse o ministro da Saúde, Gilberto Occhi. “Mas também é momento de refletir sobre o que ainda podemos fazer e sobre a atenção que devemos dar aos nossos jovens, principalmente.”
A fala do ministro faz referência ao público com maior índice de infecção pelo vírus HIV. Os homens de 15 a 34 anos correspondem a 53% dos novos casos detectados de HIV.
“Quando se avança no tratamento cria-se a sensação de cura e faz com que as pessoas não se previnam. Temos que fazer um trabalho do conscientização da prevenção”, disse o ministro. “A opção é livre, mas se previnam, porque só assim, é possível evitar a doença”, disse Occhi.