Uma vacina contra a gonorreia pode estar mais próxima, segundo pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon.
Em um estudo, eles conseguiram mapear as proteínas de diferentes cepas das bactérias causadoras da doença e se aproximaram tanto de uma vacina quanto de entender por que estas bactérias são tão boas em combater os remédios existentes para o tratamento.
As descobertas, publicadas na revista científica “Molomular and Cellular Proteomics”, são especialmente importantes, uma vez que o micróbio, Neisseria gonorrhoeae, é considerado uma “superbactéria” devido à sua resistência a todas as classes de antibióticos disponíveis para o tratamento de infecções.
A gonorreia, uma doença sexualmente transmissível que resulta em 78 milhões de novos casos em todo o mundo a cada ano, é altamente prejudicial se não tratada ou tratada indevidamente.
Pode levar a endometrite, doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica, epididimite e infertilidade.
Bebês nascidos de mães infectadas estão em maior risco de cegueira. Até 50% das mulheres infectadas não apresentam sintomas, mas os casos assintomáticos ainda podem levar a consequências graves para a saúde reprodutiva do paciente, aborto espontâneo ou parto prematuro.
O estudo
Aleksandra Sikora, pesquisadora da Faculdade de Farmácia da Universidade Estadual do Oregon, ajudou a liderar uma colaboração internacional que realizou perfis proteômicos- todas as proteínas produzidas por qualquer organismo- de 15 cepas gonocócicas.
Entre os isolados do estudo estavam as cepas de referência mantidas pela Organização Mundial de Saúde, que mostram todos os perfis conhecidos de resistência antimicrobiana gonocócica.
Como funciona a vacina?
Os pesquisadores encontraram mais de 1.600 proteínas comuns entre as cepas e, a partir delas, nove novas vacinas candidatas foram identificadas.
Uma vacina funciona através da introdução de uma proteína “invasora”, conhecida como um antígeno, que aciona o sistema imunológico do corpo e, posteriormente, ajuda a reconhecer e atacar rapidamente o organismo que produziu o antígeno.
Os pesquisadores também encontraram seis novas proteínas que foram expressas de forma distinta em todas as cepas, sugerindo que são marcadores ou desempenham papéis na resistência a drogas e, portanto, podem ser alvos eficazes para novos medicamentos.
Além disso, os cientistas analisaram a conexão entre o fenótipo bacteriano – as características e comportamento observáveis dos micróbios – e as assinaturas de resistência que o estudo das proteínas revelou. Eles encontraram sete agrupamentos fenotípicos correspondentes entre assinaturas já conhecidas e aquelas descobertas por análise proteômica.
Juntas, as descobertas representam um passo fundamental em direção a novas armas na luta contra um patógeno implacável e em constante evolução.
As descobertas acrescentam novo impulso a uma pesquisa de vacinas que também recebeu um impulso no verão de 2017, quando um estudo na Nova Zelândia mostrou que pacientes que receberam a vacina meningocócica B com vesícula de membrana externa eram 30% menos propensos a contrair gonorreia do que aqueles que não receberam a vacina.
“Todos os testes anteriores de vacinas falharam”, disse Sikora.
A gonorréia e a meningite meningocócica têm diferentes meios de transmissão e causam diferentes problemas no organismo, mas seus patógenos-fonte são parentes genéticos próximos.