Unidos pelo amor e justiça, 14 casais homoafetivos disseram o tão sonhado “sim”, na 2ª edição do projeto: “Casar é Legal”, promovido pela Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE/AC), nesta segunda-feira, 10.
Cerimônia ocorreu na segunda-feira/Foto: ascom DPE
A iniciativa do projeto visa garantir a cidadania, resgatar a dignidade humana e ressaltar o combate à intolerância e ao preconceito.
O casal Jaqueline Castro e Bruna Morais, juntas há três anos, decidiram dar mais um passo contra o preconceito. “Todo casal, independentemente de ser hétero ou homosexual sonham em casar com a pessoa que ama, e nós nos amamos, tudo isso é a realização de um sonho”, disse Bruna.
“É um momento muito importante em nossas vidas, o projeto da Defensoria nos acolheu e reafirma nossos direitos”, completou Jaqueline.
O amor sempre irá vencer e resistir, disseram o casal Thays Cavalvante e Emanuela Rodrigues. “Apesar da palavra resistência ultimamente ter sido falada muitas vezes, esse é um ato de resistência, de mostrar que o nosso amor existe e sempre vai existir. Além de ser um ato político esse momento é também para provar a nós mesmas que o nosso amor não precisa ser escondido e ele pode ser demonstrado de todas as formas”, disse Thays, emocionada.
Pádua Custódia e Adailton Gadelha, relatam o quanto desejavam concretizar esse sonho. “Estamos juntos há sete anos e meio, o casamento hoje é a concretização de um sonho que estávamos planejando a bastante tempo. O projeto da Defensoria coincidiu exatamente com os nossos planos, começamos a pensar no casamento em outubro, quando exatamente nessa época iniciou as inscrições do projeto e aproveitamos essa oportunidade”, disse Adailton.
“Ter um momento para que nós possamos celebrar o amor em todas as suas dimensões é de extremamente relevante. Pensar no casamento pra mim, é superação, é luta, é defesa de direitos, é sonho que se torna realidade”, completou Pádua.
Em um discurso representando os casais, Amanda Shoenmaker, noiva de Maiara Oliveira emocionou a todos com palavras de amor, empatia e resistência.
Amanda Shoenmaker e Maiara Oliveira
“Amor entre pessoas do mesmo sexo nunca será um problema, o problema é o preconceito que sofremos, hoje é o dia de dizer que estamos juntas para o que der e vier, como sempre tivemos, ou pelo menos, tentamos estar. Hoje é dia de dizer sim, dia de dizer que existimos, dizer que nos amamos, dizer e não mais pedir segredo. Tanta coisa deve e tem que ser dita, é um momento sublime, com significância ao amor, mas também a luta, empoderamento, resistência e afirmação”.
A defensora pública-geral da DPE/AC, Roberta de Paula Caminha Melo destacou a solenidade como um marco na garantia e defesa dos direitos humanos.
“Hoje é um dia significativo para todos nós, além de celebrarmos o amor de 14 casais, celebramos também os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, comemorados nesta data. Essa é uma ação afirmativa que reafirma o que foi prescrito na declaração, cumprindo o princípio da igualdade a todos os cidadãos e também o propósito primordial de promoção dos direitos humanos”, afirmou.
14 casais oficializaram a união/Foto: ascom DPE
A cerimônia do casamento civil realizada pelo juiz de direto Edinaldo Muniz, do 2º Juizado Especial Criminal da Comarca de Rio Branco, contou com a presença de diversas autoridades, familiares e amigos dos noivos.
“Casar é Legal”
O projeto é uma ação social gratuita destinada a grupos vulneráveis e tem por objetivo enaltecer o princípio constitucional da isonomia, uma vez que a Constituição Federal veda qualquer tipo de discriminação, seja por origem, raça, sexo, cor, idade ou outras particularidades.
Na primeira cerimônia do casamento coletivo homoafetivo do Acre, promovido pela DPE/AC no ano de 2017, a ação beneficiou a união de 12 casais.
Parceiros
Para a realização do projeto, a DPE/AC contou com a parceria do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), por meio da Vara de Registros Públicos, do Fórum de ONGs LGBT do Acre e dos Cartórios de Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca de Rio Branco.
Além do apoio da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Acre (Adpacre), da Ouvidoria-Geral da DPE/AC, do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB/AC), da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), da Prefeitura do Município de Rio Branco, por meio da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil, do Afa Jardim, dos músicos João Eduardo, Pedro Matsuo e Bel Cordeiro, e do fotógrafo José Caminha.
Data especial: 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
A data do casamento coletivo homoafetivo também foi escolhida para celebrar o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, a 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que enumera os direitos básicos que devem assistir a todos os cidadãos.
A data visa homenagear o empenho e dedicação de todos os cidadãos defensores dos direitos humanos e colocar um ponto final a todos os tipos de discriminação, promovendo a igualdade entre todos os cidadãos.
Este dia é um dos pontos altos na agenda das Nações Unidas, decorrendo várias iniciativas a nível mundial de promoção e defesa dos direitos do homem, e também é marcado pela entrega do Prémio Nobel da Paz.
