Em greve há 10 dias, médicos do Hospital do Juruá podem pedir rompimento do contrato de trabalho

Sem receber remuneração há dois meses, os médicos do Hospital Geral do Juruá podem rescindir, de forma definitiva, o contrato de trabalho, deixando de atender o serviço público e podendo causar até o encerramento de todo o atendimento. A possibilidade de desassistência veio depois que a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) passou a ameaçar os profissionais, resultando em desestímulo em continuar com os atendimentos.

Alguns médicos chegaram a sofrer represálias em outros vínculos, existindo transferências de profissionais e até o corte no pagamento de salários em outros contratos, como forma de pressionar pelo fim do movimento de paralisação, iniciado no dia 23 de novembro.

A própria representante da Sesacre, Suely Melo, teria ameaçado entrar na Justiça para obrigar a retomada dos serviços sem o pagamento das remunerações.

Hospital do Juruá/Foto: Reprodução

“A Sesacre age com descaso com a Saúde do Juruá, morrendo pessoas por falta de especialistas (neurocirurgia), por falta de medicamentos (trombolíticos) e pela falta de transporte do TFD. Recentemente, um empresário local fretou uma aeronave UTI, para transladar o filho de 4 anos, vítima de acidente de trânsito, para ser acompanhado pelo serviço de neurocirurgia. Isso se deu, por um lado, por falta de profissionais e pelo outro, devido à suspensão do translado aéreo via TFD. A problemática se agrava mais ainda com a retirada da carga horária dos profissionais, principalmente neuropediatria e neurologia, que atendiam as crianças e adultos”, respondeu o representante do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed/AC) em Cruzeiro do Sul, Theobaldo Dantas.

Sem cumprir com os contratos e com um segundo mês já sem pagamento, a classe acredita que os gestores, em fim de mandato, não terão competência para quitar os débitos, podendo ampliar ainda mais o caos na saúde pública.

“Deve piorar mais! Há um movimento para quebrar definitivamente o contrato entre as empresas que prestam serviços médicos e a Anssau, o que é lamentável, depois de tantos anos de prestação de serviços para a comunidade”, lamentou o sindicalista.

O presidente do Sindmed-AC, Ribamar Costa, informou que deverá repassar o caso para as autoridades que fiscalizam os recursos públicos para que os atuais gestores sejam responsabilizados, além de buscar alternativas com os gestores que assumirão o comando da Sesacre a partir de janeiro.

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