O Papa Francisco foi agraciado com o Prêmio Chico Mendes de Florestania “em Louvor” edição 2018, durante audiência especial no Vaticano (Itália), na última quarta-feira, 12.
Concedido anualmente pelo governo do Acre, o prêmio em reconhecimento ao Sumo Pontífice tem o significado de louvor e vem endossar o movimento global em defesa do meio ambiente, tema que tem sido uma das preocupações do atual pontificado e que apresenta como base a sua primeira encíclica, intitulada Laudato Si (português: Louvado sejas; subtítulo: “Sobre o Cuidado da Casa Comum, 191 páginas).
A primeira-dama Marlúcia Cândida e Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, entregaram ao Papa o prêmio, representado pelo troféu Castanha de Bronze e um certificado de reconhecimento.
À audiência estiveram também presentes Zezinho Yube, titular da assessoria indígena, Colleen Scanlan Lyons, mestra e doutora em antropologia cultural pela Universidade do Colorado (EUA), uma das homenageadas com o prêmio na edição de 2017, além das irmãs Servas de Maria Reparadora Nadia Padovan e Maria Augusta de Oliveira e o italiano Giovanni Moretti.
A delegação foi ao Vaticano com viagem custeada com recursos do programa REM, em parceria com o Banco Alemão KfW e a Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF).
Marlúcia Cândida falou da emoção do encontro. Ela explicou ao Papa o significado do prêmio entregue pelo governo do Acre há 14 anos.
“Foi maravilhoso o encontro com Papa Francisco. Disse a ele que estava com Ângela Mendes, filha do líder ambientalista, para entregar o prêmio, e que ao escrever a Laudato Si nos encorajou a continuar a luta de Chico Mendes. Pedi que ele nos abençoasse e ele nos abençoou.”
Segundo Marlúcia, o prêmio dado ao Sumo Pontífice traz uma importância mundial, para que todos compreendam a mensagem do Chico e do Francisco para o hoje e o amanhã do planeta.
Ângela Mendes ressaltou que o encontro lhe trouxe mais força para seguir defendendo os ideais do pai.
“Mesmo para uma pessoa que não é católica, a sensação de estar num lugar onde as pessoas se conectam pela fé é algo muito intenso. Ver aquele ser já combalido, curvado pelo tempo, mas de uma consciência tão forte e linda quanto ao nosso papel de cuidadores e cuidadoras deste planeta, fez-me ver que vale a pena tudo que fazemos pela mesma causa de um outro Chico, o Mendes.”
Ela falou ao Papa: “Santo Padre, abençoe a Amazônia e seus povos indígenas e extrativistas. Sou filha de Chico Mendes, assassinado por sua luta em defesa da vida e da floresta. Pedi sua bênção e ele me abençoou e também me deu um lindo sorriso que enquanto eu viver jamais esquecerei”.
Laudato Si’
Em meio a tantos temas de peso, a relação do ser humano com o meio ambiente, em seus diversos aspectos, mereceu a atenção do Papa.
O documento oficial da Igreja é dirigido aos bispos e todos os fiéis. Nele, o Papa faz um apelo para que os governos de todo o mundo adotem um modelo de desenvolvimento sustentável e em defesa do meio ambiente e convida a sociedade a refletir sobre os cuidados com o meio ambiente e a preservação da “casa comum”, o planeta Terra, o principal meio de sobrevivência para a humanidade.
A sustentabilidade é hoje um tema tão incontornável que se tornou alvo da encíclica Laudato Si’. Entre as principais reflexões, Francisco destaca a ecologia humana e a cultura do descarte e apresenta a proposta de um novo estilo de vida. O documento do Papa faz uma breve resenha dos vários aspectos da atual crise ecológica. Retoma algumas argumentações que derivam da tradição judaica cristã, com o intuito de dar maior coerência ao compromisso com o meio ambiente, e resgata as raízes da situação atual, identificando as causas e os sintomas mais profundos. Francisco alerta para a necessidade imediata de debates sinceros e honestos, o que envolve a responsabilidade da política internacional e local.
Para Colleen Scanlan Lyons, a entrega do prêmio ao Papa Francisco mostra a importância de tomar uma posição forte sobre assuntos tão importantes em nosso mundo hoje – ação concreta sobre mudanças climáticas, por meio da conservação das florestas tropicais e desenvolvimento sustentável junto com os povos da floresta.
“O Papa Francisco tomou essa posição no Laudato Si, depois mostrou o alinhamento com a recente visita ao Peru, e hoje, com essa homenagem, estamos reconhecendo a importância da liderança dele no estado do Acre, Brasil, na Região Amazônica, no mundo. Precisamos de líderes assim e as posições do Papa são uma inspiração para todos nós. Esse prêmio dado pelo governo do Acre tem muito significado – para o Acre e para a floresta Amazônica”, disse.
“Foi muito bom participar dessa audiência com o Papa com representantes de várias nacionalidades. É muito significativo como indígena e povo da Amazônia esse encontro em prol da preservação da floresta. O Papa está puxando esse tema, e nesse momento que vivemos no Brasil de retrocessos aos direitos dos povos indígenas e dos povos da floresta, ele é uma pessoa muito importante. O governo fazendo a entrega do prêmio a ele é um reconhecimento do nosso estado da Amazônia do trabalho que o Papa vem fazendo e da ajuda que ele nos dará para a manutenção da Floresta Amazônica e dos povos tradicionais que vivem nela”, disse Zezinho Yube.
A irmã Maria Augusta ressaltou a homenagem a Francisco como um gesto de reconhecimento do governo do Acre ao seu compromisso para a questão ecológica ambiental.
“Nossa casa comum como ele chama carinhosamente a mãe Terra na sua encíclica Laudato Si. Ver o Acre presente com sua delegação e a Marlúcia e a Ângela entregarem nas mãos do Papa um prêmio que traz consigo a luta de Chico Mendes e todos os povos da floresta, o ideal de preservação, de cuidado, de um desenvolvimento sustentável responsável e comprometido com as lutas sociais e a promoção da vida e da harmonia cósmica em todas as suas dimensões, foi emocionante, com milhares de pessoas do mundo inteiro. Foi e continuará na memória a certeza que mais uma vez se eternizam a memória e a história da luta de Chico Mendes e dos povos da floresta de ontem e de hoje”, disse.
Em outubro deste ano, o Papa Francisco convocou o Sínodo Pan-Amazônico. “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Este será o tema estabelecido por Sua Santidade para o encontro em 2019.
O objetivo principal dessa convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão do planeta. Que os novos santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e, por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”, disse Francisco.
Entrega do Prêmio em Xapuri
Os agraciados nas categorias internacional, estadual e comunitária recebem o Prêmio Chico Mendes de Florestania edição 2018 neste sábado, 15, às 19 horas, no “Encontro Chico Mendes 30 Anos: uma memória a honrar. Um legado a defender”, em Xapuri.
A solenidade contará com a presença do governador Tião Viana, familiares do líder ambientalista, autoridades e representantes de organizações não governamentais. O dia marca o nascimento de Chico Mendes.
O prêmio, criado em 2004, tem por finalidade reconhecer e estimular as atividades, programas, ações e iniciativas que visam consolidar os ideais defendidos por Chico Mendes.
Os escolhidos por indicação nas três categorias são: Helmut Eger, por iniciativa internacional, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciativa nacional, e Associação Agroextrativista do Barão e Ipiranga (AAPBI), por iniciativa comunitária, rural e florestal.
Os premiados recebem o Certificado de Reconhecimento e o troféu Castanha de Bronze, criado a partir de madeira certificada.
Aos que contribuíram na consolidação dos ideais de Chico Mendes na defesa da floresta e das pessoas que nela vivem, o governo do Acre homenageia 30 pessoas com a entrega de certificados.
Para Colleen Scanlan Lyons, a entrega do prêmio ao Papa Francisco mostra a importância de tomar uma posição forte sobre assuntos tão importantes em nosso mundo hoje – ação concreta sobre mudanças climáticas, por meio da conservação das florestas tropicais e desenvolvimento sustentável junto com os povos da floresta.
“O Papa Francisco tomou essa posição no Laudato Si, depois mostrou o alinhamento com a recente visita ao Peru, e hoje, com essa homenagem, estamos reconhecendo a importância da liderança dele no estado do Acre, Brasil, na Região Amazônica, no mundo. Precisamos de líderes assim e as posições do Papa são uma inspiração para todos nós. Esse prêmio dado pelo governo do Acre tem muito significado – para o Acre e para a floresta Amazônica”, disse.
“Foi muito bom participar dessa audiência com o Papa com representantes de várias nacionalidades. É muito significativo como indígena e povo da Amazônia esse encontro em prol da preservação da floresta. O Papa está puxando esse tema, e nesse momento que vivemos no Brasil de retrocessos aos direitos dos povos indígenas e dos povos da floresta, ele é uma pessoa muito importante. O governo fazendo a entrega do prêmio a ele é um reconhecimento do nosso estado da Amazônia do trabalho que o Papa vem fazendo e da ajuda que ele nos dará para a manutenção da Floresta Amazônica e dos povos tradicionais que vivem nela”, disse Zezinho Yube.
A irmã Maria Augusta ressaltou a homenagem a Francisco como um gesto de reconhecimento do governo do Acre ao seu compromisso para a questão ecológica ambiental.
“Nossa casa comum como ele chama carinhosamente a mãe Terra na sua encíclica Laudato Si. Ver o Acre presente com sua delegação e a Marlúcia e a Ângela entregarem nas mãos do Papa um prêmio que traz consigo a luta de Chico Mendes e todos os povos da floresta, o ideal de preservação, de cuidado, de um desenvolvimento sustentável responsável e comprometido com as lutas sociais e a promoção da vida e da harmonia cósmica em todas as suas dimensões, foi emocionante, com milhares de pessoas do mundo inteiro. Foi e continuará na memória a certeza que mais uma vez se eternizam a memória e a história da luta de Chico Mendes e dos povos da floresta de ontem e de hoje”, disse.
Em outubro deste ano, o Papa Francisco convocou o Sínodo Pan-Amazônico. “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Este será o tema estabelecido por Sua Santidade para o encontro em 2019.
O objetivo principal dessa convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão do planeta. Que os novos santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e, por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”, disse Francisco.