O presidente Jair Bolsonaro comunicou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, sobre a intenção de revogar a adesão do Brasil ao pacto global de migrações, informou a assessoria do Palácio do Planalto.
Pompeo está no Brasil, onde acompanhou a posse de Bolsonaro na terça-feira (1). Nesta quarta ele teve reuniões com o novo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e com o próprio Bolsonaro.
O pacto foi assinado em dezembro de 2018 por cerca de 160 países e pretende reforçar a cooperação internacional para uma migração “segura, ordenada e regular”. O pacto foi assinado no Marrocos. O Brasil também assinou o documento.
Na oportunidade, o então futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, informou pelo Twitter que o governo Bolsonaro se desassociaria do pacto.
A informação foi reforçada por Bolsonaro na reunião com Pompeo, segundo a assessoria do Planalto. Os EUA estão entre os países que não assinaram o pacto.
“O presidente (Bolsonaro) também falou sobre a agenda econômica brasileira e comunicou sua intenção de revogar a adesão do Brasil ao Pacto Global Sobre Migrações, reafirmando a importância dos Estados Unidos para a inserção internacional do Brasil e sua intenção de trabalhar para que a relação entre os dois países possam se tornar ainda mais benéficas para ambas as partes”, comunicou o Planalto.
De acordo com o Planalto, Bolsonaro também reforçou a “preocupação” com a situação da Venezuela. O presidente é crítico da gestão de Nicolás Maduro, assim como o colega norte-americano, Donald Trump,
O Planalto ainda informou que Pompeo pediu a Bolsonaro para que ele coopere “ativamente” para resolver a crise na Venezuela.
Pompeo “manifestou o interesse do Governo Trump em aprofundar a cooperação com o Brasil em áreas como comércio, educação, segurança e defesa”.
China e Mercosul
Bolsonaro teve quatro reuniões com líderes estrangeiros nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto. Após os encontros, a assessoria do governo divulgou uma série de notas com resumos das audiências.
A nota a respeito da reunião com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, informou que os dois discutiram cooperação na área militar, fortalecimento da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e sobre as comunidades portuguesa no Brasil e brasileira em Portugal.
Sousa defendeu a celebração de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Sobre o tema, o Planalto informou que o governo de Bolsonaro dará “valor” ao bloco sul-americano.
“Bolsonaro afirmou que, diferentemente do que vem sendo noticiado, o Brasil dará o valor que o Mercosul merece, o que passa pela eliminação de questões ideológicas e da retomada da vocação comercial do bloco econômico”, diz trecho da nota.
Sobre a audiência com vice-presidente do parlamento chinês, Ji Bingxuan, Bolsonaro “reiterou sua intenção de ampliar o relacionamento bilateral com a China, independentemente da mudança do contexto político brasileiro e do cenário econômico mundial”. Liderada por um partido comunista, a China é o principal parceiro comercial do Brasil.
De acordo com o Planalto, no encontro com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, Bolsonaro aceitou o convite para visitar o país europeu, viagem ainda sem data definida. O presidente brasileiro mencionou a “intenção” de assinar um tratado de extradição bilateral com a Hungria.