Leo de Brito tripudia sobre o mínimo e apanha na web: “Foi o PT que criou as regras do reajuste!”

Fake

Vem do interior do Acre, mais precisamente de Sena Madureira, um exemplo de como se fabrica uma fake news. Um site sediado no município publicou nesta quarta-feira (2) matéria com o título “Presidente Jair Bolsonaro pode assinar decreto pelo fim do carnaval e parada gay no Brasil”.

Não é o que parece

Assim que me deparei com essa chamada, pensei com meus botões que Carnaval e Parada Gay são eventos cuja extinção não se dá por decreto, por mais poderoso ou megalomaníaco que seja o ocupante encastelado no Palácio do Planalto.

Como é que é?

Fui checar a matéria e ela dizia outra coisa. Vejam: “Uma notícia pode abalar os foliões de todo o país. Presidente Jair Bolsonaro pode assinar decreto cortando verba do carnaval e parada gay em todo o Brasil”.

É um gênio!

Mas na tentativa de sustentar uma conclusão tão fraudulenta, o autor acrescentou, no final do segundo parágrafo, o raciocínio segundo o qual “O decreto já cancela o carnaval de 2019”.

Nota de 3

Ora, a afirmação é tão falsa quanto uma nota de três reais. Primeiro porque parte dos recursos investidos no Carnaval do Rio de Janeiro, por exemplo, tem origem no caixa do governo carioca. Segundo que em 2013 se criou uma polêmica em torno dos eventuais riscos de gigantes empresariais como a Basf patrocinarem escolas de samba, como ocorreu com a vencedora do evento naquele ano, a Vila Isabel. E terceiro que só com os direitos de transmissão pagos pela Rede Globo, o montante arrecadado pelos carnavalescos é estimado em R$ 6 milhões.

Notícia velha

A notícia, aliás, não é tão nova. Ela data de meados de novembro de 2018, e foi tema de uma reportagem da revista Isto É. Adianto que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, não falou, na época, em cortar as verbas, e sim em diminuição do montante destinado à realização do evento pelos governos anteriores.

O leitor não é burro

Pra concluir, acresço estar convicto de que o leitor, por menos escolarizado que seja, não é burro. Essa pecha fica para o ‘jornalista’ que acha poder enganar quem o lê com o desfile de suas sandices.

Vai que é tua, Leo!

O deputado federal Leo de Brito (PT) deu uma de Lindbergh Farias ao tripudiar, ontem, sobre o reajuste do salário mínimo. ‘Demitido’ do cargo pelo eleitorado acreano, em outubro do ano passado, o parlamentar petista está com os dias contados. Mas suas gafes, ao que parece, não.

De novo?

Em janeiro de 2018, Leo de Brito já havia tropeçado na própria língua, ao comemorar o primeiro aumento da gasolina do ano. Foi tema da coluna por ter gastado, no ano anterior, o total de R$ 62,9 mil em combustíveis e lubrificantes, pagos inclusive pelos que recebem salário mínimo.

Parênteses

Antes de falarmos da reação dos internautas à postagem de Leo de Brito, é preciso justificar a comparação com o companheiro Lindbergh Farias, senador do PT do Rio de Janeiro – outro que recebeu as contas do eleitor. Acuado pelo fracasso das muitas e ferozes investidas contra o impeachment de Dilma Rousseff, Lindbergh cometeu o erro de festejar a taxa de desemprego divulgada no início de 2016, já com Michel Temer no Palácio do Planalto. Acabou surrado impiedosamente pelos bem-informados, que trataram de esclarecer que os números publicados por ele também no Facebook eram do ano anterior – e, portanto, relativos ao desastre econômico causado pela companheira.

Abecedário

De volta a Leo de Brito, os internautas reagiram das mais diferentes formas à sua postagem. Endereçada a Bolsonaro, a mensagem, porém, acabou por ser devolvida ao remetente. E em forma de uma nova lição.

Dá-lhe, Dilma!

Como bem observado por alguns leitores, as regras que estabelecem a correção do salário mínimo foram fixadas em uma proposta do Executivo Federal que virou lei em 2011, no governo de dona Dilma. Depois disso, ela editou uma medida provisória, logo convertida em lei, que manterá os mesmos critérios até o fim deste ano.

Pra encerrar

Em suma, se há culpados pelo aumento do salário do trabalhador ter sido o menor das últimas décadas, que sejam chamados ao tribunal do povo os governos companheiros – não só pela criação das atuais regras do reajuste do mínimo, como também pela proeza de terem quebrado a economia do país.

Desaprovação

Artigo que circulou nos últimos dias, com ataques de um militante do PT ao ex-governador Tião Viana, foi desaprovado por este colunista. Sobretudo depois da informação de que o autor recebeu, durante sete anos e 11 meses, salários mensais de R$ 7,7 mil, relativos a uma CEC-7.

Mordomias

Se tem alguns que não podem reclamar do último governante petista desde 1999, são os que lhe rodeavam a mesa no longo banquete estatal. Esses, ao contrário do povo, só receberam benesses.

Coerente até o fim

Quem tratou de manter a coerência e fazer justiça a Tião Viana foi o meu colega Leonildo Rosas, então porta-voz do governador do PT. Às vésperas de deixar o cargo, dias atrás, Rosas registrou sua gratidão ao governador e à sua vice por meio de uma postagem do Facebook. E ainda que não tenhamos motivos para fazer o mesmo que ele, haveremos de admitir que o porta-voz teve a grandeza de não cuspir no prato em que comeu.

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