A eleição de 2018 pôs fim à aliança mais longeva e vitoriosa da história do Acre. A Frente Popular do Acre – FPA, fundada em 1989 pelo então candidato a governador Jorge Viana, formada inicialmente por cinco partidos: PT, PPS, PCdoB, PV e PDT, nas suas mais diversas configurações, possibilitou 20 anos de governo a um grupo de partidos e pessoas que sonharam, trabalharam e realizaram mudanças estruturais tão profundas na realidade acreana que somente a história poderá avaliar.
Fundada sobre princípios programáticos, com um núcleo ideológico muito denso, pautada no conceito de Desenvolvimento Sustentável, a Frente foi perdendo consistência ao longo dos anos, até se constituir em uma aliança eleitoral, onde os interesses dos partidos individualmente quase sempre se sobrepunham ao debate central do programa e os compromissos a serem assumidos com a sociedade.
Não se quer, aqui, condenar as alianças eleitorais. Elas têm seu valor e fazem parte da democracia brasileira. Porém, o formato adotado nos últimos anos confunde o eleitorado e coloca todos os partidos na mesma condição perante a opinião pública. Passou a ser usual, para o eleitor, ver partidos adversários na disputa municipal se confraternizando na eleição estadual seguinte. Essa prática fez valer a opinião popular de que os partidos são todos iguais e constituem a sua aliança na busca do poder, exclusivamente.
Mas, o fim de um ciclo é o início de outro e uma oportunidade ímpar de se reconhecer erros e aproveitar acertos. É necessária a construção de uma nova frente, campo ou um movimento – como particularmente prefiro -, que reúna partidos, movimentos e pessoas que compartilham ideais democráticos, populares e progressistas, sob forte participação direta do povo.
Eu acredito que esse movimento deve estar alicerçado em três pontos centrais:
1) Horizontalidade nas relações. Não é possível construir nada novo partindo da premissa que existe quem manda e quem obedece, que há um comando. A pluralidade deve ser respeitada e as relações operadas em ambiente de absoluta igualdade entre todos.
2) Convergências programáticas e de princípios. O alicerce das grandes construções da sociedade são as ideias e ideais, e não pessoas ou objetivos eleitorais – estes devem ser consequência do bom programa. Onde houver um membro dessa aliança, princípios universais devem ser seguidos, tais como ética, transparência, ampliação da participação popular, democracia plena, para citar alguns que julgo relevantes.
3) E, por fim, unidade na ação. Mesmo respeitando as particularidades que cada momento de disputa guarda e que cada território apresenta, estar unido de Assis Brasil a Marechal Thaumaturgo em um só objetivo, em um só palanque, é condição necessária para recobrar a confiança das pessoas.
Só assim, com democracia, ideais e ação unificada, poderemos comemorar as vitórias do passado e olhar para o futuro com a certeza que ainda podemos fazer muito pelo Acre.
Por Cesário Campelo Braga.