Vem das bandas de Cruzeiro do Sul, mais precisamente da redação do site Juruá em Tempo, o texto mais estúpido e despudorado que devo ter lido nos últimos anos. O tema é o anúncio feito pelo novo governo sobre a necessidade de parcelar o 13º salário dos aposentados e pensionistas do estado, vítimas do calote dado pelo ex-governador Tião Viana, do PT.
Em apenas 14 linhas, o autor – que preferiu não assinar o texto – revela sua inépcia até mesmo quando incumbido de deturpar os fatos. Eivado de conjecturas tacanhas e notória ignorância, o artigo não só avilta o jornalismo como nos insulta a inteligência.
Partindo da premissa de que o estado encolheu em decorrência da reforma administrativa proposta por Cameli, e do suposto aumento no repasse do FPE, o ‘articulista’ questiona o porquê da decisão de se parcelar o restante do abono salarial dos servidores inativos.
E na tentativa de embasar o embuste, recorre à aritmética da estultice. Esclareço: aos 102 milhões reais do Fundo de Participação dos Estados a que o Acre tem direito a receber este mês, segundo o autor, ele junta outros 25 milhões de reais do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). O total, portanto, seria de R$ 127 milhões.
As ponderações do apedeuta têm dois graves equívocos. O primeiro reside na comparação do valor a ser destinado ao governo, este mês,com o que foi recebido no mesmo período do ano passado. Pode-se ver que o repasse seria de R$ 21 milhões a mais. Ocorre que a dívida legada ao sucessor por Tião Viana, só com o 13º salário dos servidores inativos, supera os 54 milhões de reais.
Mais grave, porém, que a precária contabilidade feita pelo escriba vem a ser sua ignorância quanto aos recursos oriundos do Fundeb – que têm destinação certa e não podem ser usados, sequer, para a compra de merenda escolar.
Ao contrário dos louvaminheiros de plantão, não escrevo em defesa do Sr. Cameli, que ao vencer as eleições para o governo assumiu também o compromisso de pagar as dívidas deixadas pele antecessor. Honrar o pagamento do benefício salarial está longe de se constituir em favor, sendo antes mais uma de suas muitas obrigações.
No entanto, é inadmissível o descaramento por trás da insinuação segundo a qual a decisão de parcelar o débito teria por finalidade agravar a revolta contra o antecessor – “Prejudicando os servidores para que lembrem que o governo da Frente Popular não conseguiu pagar integralmente um salário uma única vez”, sustenta o quadrúpede.
Confesso meu assombro ante tamanhas sandices. E registro aqui minha indignação contra um veículo de imprensa em sua indecorosa tentativa de politizar um assunto que acarretou angústia e sofrimento a mais de 40 mil famílias acreanas.
Se a incompetência ou o ideário político da equipe do Juruá em Tempo impede que se faça jornalismo, que então parem eles de tentar ludibriar seus leitores – e assumam de uma vez por todas que por lá as versões são sempre mais importantes que os fatos.