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Única freteira no interior do Acre, jovem de 27 anos ganha destaque na imprensa nacional

Por SAIMO MARTINS, DO CONTILNET

Samara Melo, de 27 anos, trabalha com frete há mais de cinco anos no município de Xapuri, interior do Acre. Sua atuação em uma profissão que geralmente é exercida por homens, ganhou destaque nacional, tanto que na última quinta-feira (3), a Folha de S. Paulo; divulgou uma reportagem exclusiva, contando a história de vida da acreana.

Proprietária de uma caminhonete com tração nas quatro rodas, ela transporta pessoas, mudança, mercadoria, remédio e animais, o que for preciso. E não tem tempo ruim: Ela percorre o trecho do município, mesmo durante o período do inverno amazônico.

Samara fala do preconceito que enfrenta pro causa da profissão/Foto: cedida

Melo é a única freteira mulher na cidade e conta ter o respeito de todos da região. Porém, enfrentou preconceitos no início da carreira, inclusive de ex-namorados. “Tem cara que não aceita, acha que eu tinha que ficar o dia dentro de casa. Eu não gosto de depender de homem”, ressaltou.

A freteira relata que a reportagem foi produzida pela equipe de jornalismo de São Paulo, no último dia 30 de novembro, durante a semana Chico Mendes. “Eu fui pega de surpresa pela Estelita Hass Carazzai (repórter), estava sem farda de trabalho e sai apressada e nervosa”, disse.

Questionada sobre a sensação de ter sua história divulgada, Samara diz que quase morreu do coração quando foi publicada a matéria. “Fiquei surpresa, mais amei. Isso é reconhecimento de muito trabalho. Recebi muitas mensagens de agradecimentos”, contou ela.

Samara é a unica mulher a exercer a profissão em Xapuri/Foto: cedida

No entanto, mesmo após a repercussão, a freteira acha que isso não irá motivar outras mulheres a exercerem a profissão. “Já se foram cinco anos de correria, durante esse tempo, nenhuma outra mulher apareceu. O serviço é pesado, não é pra qualquer um não”, declarou.

COMO COMEÇOU

Ela herdou a profissão do pai. Aos 22 anos, começou a dirigir uma caminhonete velha da família. Com o tempo adquiriu outra.

“No primeiro ano eu atolava à toa, por nervoso besta. Achava que nunca ia dar conta de passar num canto ruim, que não era vida pra mulher… Tudo isso aí me passava na cabeça. Aí fui indo, aprendi”, relembra.

Hoje em dia, com a experiência adquirida, ela se diz acostumada e aprendeu serviços de mecânica. Como troca de pneu, dentre outras funções.

Na boleia da caminhonete, ela recomenda a quem dirige por estrada enlameada que procure sempre ir pelo meio, e não pelos cantos. “Se houver uma vala na beirada, o carro corre o risco de escorregar e atolar, acelere na manha, engrenado na primeira, para passar por trechos críticos. E jamais freie na subida”, orienta Samara, para aqueles que queiram se aventurar na profissão, ou mesmo, se divertir em ramais.

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