Um homem de 48 anos foi preso suspeito de obrigar os netos, de 9 e 10 anos, a venderem balinhas, desacompanhados de qualquer responsável, nas ruas do Setor Central de Goianira, na Região Metropolitana de Goiânia. A denúncia foi feita pelos próprios familiares. Em depoimento à Polícia Civil, ele negou as acusações.
De acordo com as investigações, para chegar aos locais de venda, as crianças tinham que atravessar a GO-070, região com grande fluxo de veículos. Ainda segundo a apuração da polícia, o avô deixava de fornecer remédios a uma das crianças, que tem deficiência mental, para que ela não ficasse sonolenta e deixasse de trabalhar.
A prisão foi efetuada na última sexta-feira (22). O G1 tentou localizar a defesa dele, mas, de acordo com a polícia, o homem não apresentou advogado até o momento.
Ainda de acordo com a polícia, na véspera da prisão, uma das crianças chegou a ficar na rua até as 23h, com medo de retornar para casa sem ter vendido toda a mercadoria. Os menores relataram ao Conselho Tutelar que recebiam ameaças de castigos, caso não cumprissem as obrigações impostas pelo avô. Testemunhas afirmaram que as crianças saíam para trabalhar nas ruas sem almoço.
Em depoimento, o homem negou castigos e ameaças contra as crianças, mas confirmou que nos últimos dias elas saíram sozinhas e que houve o “problema” do retorno às 23h. O avô também negou que deixava de administrar remédios ao neto com deficiência mental.
Segundo o delegado Bruno Costa e Silva, a situação ocorria, comprovadamente, há duas semanas. O conselheiro tutelar Enielson Limiro relata que o fato é recorrente e que o suspeito já foi advertido em diversas ocasiões, devido a outras denúncias.
A diferença, de acordo com o delegado, é que, inicialmente, as crianças estavam, supostamente, acompanhadas pelos avôs. Porém, a situação se agravou nas últimas duas semanas, pois os netos passaram a ir para as ruas totalmente desacompanhados.
No momento, a guarda das crianças está com a avó materna. As crianças são órfãs de mãe e não têm o nome do pai no registro. Segundo o conselheiro tutelar que acompanha o caso, a orientação deve ser a favor da permanência da guarda com a avó, pela existência de laço familiar e convivência com as crianças desde novas.
A expectativa é que seja concedida medida protetiva durante a audiência de custódia, para assegurar a integridade física da avó e das crianças. O G1 tentou averiguar a data da audiência de custódia junto ao Fórum de Goianira, mas foi informado de que o caso corre em segredo de justiça e, por isso, a informação não pode ser divulgada.
O homem deve responder pelos crimes de abandono de incapaz e maus-tratos. A pena máxima pode chegar a 4 anos de prisão.