Jovens empresários acreanos e o departamento de juventude do Governo do Estado começaram, na manhã desta quinta-feira (21), uma parceria que deve resultar na criação de pautas a serem discutidas sobre ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), alíquotas, logística e outros setores vinculados ao empreendedorismo e à economia local. São jovens que movimentam pelo menos R$ 80 milhões por ano na economia local através de empresas das mais diversas áreas, gerando mais de três mil empregos diretos, que querem ser ouvidas pelo Governo em assuntos que dizem respeito à economia e empreendedorismo.
“Política, para mim, sem mexer com o empreendedorismo é algo que está errado. E quando digo mexer, não é nem na forma de incentivo, mas de apoio, de andar lado a lado, de forma parceira”, disse o jovem João Paulo Bittar, o chefe do departamento de juventude do Governo do Estado ao grupo de empresários, cerca de 40 pessoas, entre homens e mulheres, com os quais se reuniu para um almoço de confraternização e apresentação de ideias.
Bittar disse ainda que, ao ser informado de que seria indicado para o cargo que vai lidar diretamente com os jovens acreanos, preparou-se para empunhar duas bandeiras: “com a primeira, pretendo fomentar o empreendedorismo entre a juventude e a segunda, capacitar um pouco mais a párea da tecnologia da informação, porque nosso Estado ainda engatinha nesta área e esta é a profissão do futuro, para vários serviços oferecidos no mercado de trabalho”.
No almoço estavam membros e dirigentes da Associação dos Jovens Empresários do Acre (Ajeac), entidade filiada à Associação Comercial do Acre (Acisa), em cuja sede deve ocorrer, em 14 de março, uma reunião ordinária na qual o que foi inicialmente discutido com o chefe do departamento de juventude vai ser objeto de debates.
Um deles deverá ser em torno do decreto de número 536, editado pelo governador Gladson Cameli nos primeiros dias de seu governo e que acena com necessidade de o Estado, a cada vez que for abrir licitação para a aquisição de bens e serviços, convidar três empresas de praças fora do Acre e apenas uma local para estabelecer os preços a constarem de seus editais. O presidente da Ajeac, Daniel Ribeiro, seguindo orientação da presidência da Acisa, já disse que a entidade é contra e quer levar essa insatisfação com o decreto, através de João Paulo Bittar, ao conhecimento do governador.
“Serei o porta-voz de vocês junto ao governo por reconhecer que este setor é importante para a nossa economia e que deve sair do meio de vocês as soluções para o futuro do nosso Estado e acho que não há porque o governo querer bater de frente ou não andar em sintonia com vocês”, disse João Paulo Bittar.
Pelo menos 60 por cento das empresas do Acre são dirigidas por empresários jovens
Os membros da Ajeac são empresários com idade entre 19 a 40 anos de idade, que movimentam pelo menos 40 por cento do PIB acreano. Levantamento da entidade informa que, pelo menos 60 por cento das empresas acreanas, são dirigidas ou lideradas por jovens nessa faixa etária, um fenômeno que representa uma tendência nacional e até mundial.
“O mundo mudou e isso reflete essas mudanças”, disse a empresária Késia Façanha , de 29 anos de idade, que representa a Júnior Achiviement do Brasil, uma das maiores organizações sociais incentivadoras de jovens do mundo, que está instalada no Brasil desde 1983 e que conta com uma rede colaboração de mais de 150 mil voluntários e já atendeu mais de 5 milhões de estudantes em 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.
No Acre, só em Rio e Xapuri, a entidade, que funciona como uma espécie ONG (Organização não Governamental) mantida pela iniciativa privada, atendeu mais de 2 mil estudantes em 2018. O trabalho da entidade consiste em levar aos estudantes, do ensino fundamental até aos primeiros anos da faculdade, noções de empreendedorismo.
“Nós concordamos que o mundo mudou, menos o nosso tipo de ensino e educação. O estudante sai da faculdade e depois ainda tem que fazer um novo curso preparatório para poder entrar no mercado do trabalho. Nosso trabalho visa estimular e desenvolver noções aos estudantes para o mercado de trabalho através do método ‘Aprender-fazendo’, disse Késia. “Nós geramos caminhos para que os jovens estejam preparados para os desafios e carreiras da nova economia”, acrescentou.
Outro empresário presente no encontro, Ivan Santos, dono da Pontocon Informática, disse que essa tendência de os jovens tomarem conta do mercado e da economia é irreversível. “A sociedade está dando muita atenção ao jovem empreendedor e esta é uma tendência mundial’, disse. “Esse caminho não tem mais volta. E o estado Santa Catarina é um bom exemplo disso. Um estado cheio de praias e com uma grande indústria de turismo, tem nos seus jovens empreendedores pessoas capazes de criarem uma economia maior na área de tecnologia. Este é o caminho para o Acre”, disse o empresário Rodrigo Pires, da PWS, uma agência de comunicação e propaganda.
O Acre na diretoria da Conaje
A importância dos jovens acreanos é tamanha que os membros da entidade local já fazem parte inclusive da diretoria da Conaje (Confederação Nacional dos Jovens Empresários), com sede em Brasília e atuação e representação nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. Com foco no jovem empreendedor, a Confederação realiza projetos, eventos e ações para desenvolver empreendedores e jovens líderes por meio de capacitação técnica e experiências diferenciadas, e facilitar a troca de informações e gerar conexões com o objetivo de promover oportunidades de negócios, empreendedorismo, fortalecimento, criação e manutenção de novas empresas – principalmente geridas por jovens -, na articulação e divulgação de práticas capazes de fortalecer a disseminação de novos e sólidos negócios no Brasil.
Por meio de parcerias, trabalha também para o estabelecimento de políticas públicas e práticas institucionais que incluam os micros e pequenos empreendedores nas primeiras categorias de estratégias de desenvolvimento do País.
Daniel Ribeiro e seu vice-presidente na Ajeac, Silvio Oliveira, tomaram posse, na semana passada, como diretor e conselheiro, respectivamente, na diretoria da Conaje, em Brasília. “Temos, na nossa entidade nacional, a mesma importância dos representantes de São Paulo e de outros estados ricos da federação e queremos que o nosso governo do Estado reconheça nossa participação como iniciativa privada e nos ajuda a derrubar entraves como burocracia e outros problemas para que possamos ajudar a cada vez mais nossa economia crescer”, disse Sílvio Oliveira,