Mazinho diz que se promessas forem cumpridas, está pronto para estender tapete vermelho a Cameli

Quando um passageiro embarca num avião, por mais que não goste do piloto ou da tripulação, o que deseja é que a viagem seja tranquila e que a aeronave chegue bem ao seu destino. O mesmo acontece com a população de um município, de um estado ou de um país. “Por mais que a gente não goste do governante, o que queremos é que o governo dê certo”, disse, em Rio Branco, esta semana, o prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim, do MDB, associando a imagem do avião com a do governo de Gladson Cameli.

Conhecido como um político sem papa na língua e até fisicamente beligerante, ele já foi apontado como agressor do então secretário de articulação dos governos petistas nos últimos 20 anos, Francisco Nepomuceno, o “Carioca”, a quem o então deputado estadual Mazinho Serafim, na época filiado ao PT e da base do governo, teria brindado-o com apupos, o que ele hoje nega com veemência. Apesar das negativas de beligerância e de ser um homem violento, em menos de 40 dias do atual governo, o prefeito veio a público para dizer, sem pedir segredos a ninguém, que não quer mais conversa com o atual governador Gladson Cameli, que o teria o enganado, denunciou.

Mazinho: “Eu sou uma pessoa que tem palavra e se a pessoa me enganar uma vez, eu acredito que ela vai enganar de novo”

Dias após as declarações, em entrevista à ContilNet, Mazinho Serafim, ao que parece mais sereno, afirmou que não quer confronto com o governador nem com o governo e acrescentou que se forem cumpridas as promessas de ajuda a Sena Madureira, Gladson Cameli será recebido na cidade com tapete vermelho. A seguir, os principais trechos da entrevista do prefeito:

Prefeito, o senhor foi provavelmente um dos políticos que mais pediu votos para o atual governador na região do Purus e em Sena Madureira, onde o senhor é prefeito, e em menos de 40 dias de Governo já se declara em oposição ao governador Gladson Cameli. Isso confirma aquela tese segundo a qual o senhor faz política com o fígado, com o sangue no olho? Sua esposa (Meire Serafim), deputada estadual, também fará oposição ao governo na Assembleia Legislativa?

Mazinho Serafim – Veja bem, independente de qualquer coisa, sempre trabalhei, politicamente, para que as coisas deem certo. Fiz campanha para o atual governador – e uma campanha grande, não foi qualquer campanha – na esperança de que as coisas mudassem, em que as pessoas escutassem a gente porque a gente vem de um governo que não escutava a gente. Fiz campanha e não me arrependo de ter feito isso porque nada do que eu faço, eu me arrependo. Agora, se as pessoas não honram com aquilo que prometem, eu não posso fazer nada. Mas eu desejo para o atual Governo muita sorte para que assim possa ajudar o nosso Estado do Acre a fim de que as coisas melhorem. Minha esposa vai fazer, dentro da Assembleia, um trabalho independente. É aquilo que disse o deputado Roberto Duarte: se chegar à Assembleia projetos do Governo que beneficiem o nosso povo, ela (a deputada) estará de acordo. Mas se chegar projetos que só vão beneficia o governo e prejudicar a população, ela estará contra.

O senhor tem alguma perspectiva de se recompor com o governador, de voltar a sentar com ele, de voltarem às tratativas de aliados?

Não ando atrás disso, mas também não sou do quanto pior melhor. Não sou daqueles que batem para depois ser beneficiado – comigo não existe isso! Eu sou uma pessoa que tem palavra e se a pessoa me enganar uma vez, eu acredito que ela vai enganar de novo.

Em Sena Madureira, há quem diga que o senhor faz política com o fígado, com ódio e há quem lembre também dos problemas que o senhor teve com o então secretário petista Carioca (Francisco Nepomuceno, secretário de articulação política nos últimos 20 anos da era PT, durante um período em Mazinho Serafim era deputado estadual pelo PT). Essa briga com o governador seria um reflexo disso?

Com raiva não. A gente faz politica e trabalha para melhorar as coisas. Isso que você está dizendo em relação à briga com o secretário do PT, na verdade as pessoas fazem folclore em cima disso. As pessoas falam que eu agredi o ex-secretário, mas isso não é verdade. É só perguntar a ele. Eu nunca trisquei as mãos nele. As nossas desavenças foram verbais.

Mazinho com o governador Gladson Cameli

O senhor é um homem de confrontos físicos?

Eu acho que qualquer homem é homem de confronto. Quando você chega num certo momento de sua vida em que alguém vem lhe atacar fisicamente, você tem que ser homem suficiente também para responder a altura. Mas não foi o caso. O nosso caso foi de debate. Só que as pessoas confundem muito a pessoa ser verdadeira com uma pessoa realmente desequilibrada ou braba, chegando ao ponto de agredir pessoas. Na verdade, eu sou uma pessoa de palavra, que defende que as coisas sejam discutidas no campo da conversa. As pessoas confundem isso: a pessoa que cumpre com seus deveres, com suas palavras, com uma pessoa violenta. Eu não sou uma pessoa violenta de forma alguma. Algum dia, houve registro em alguma delegacia de que o Mazinho matou alguém? Podem pesquisar e vão descobrir que eu nunca tive problemas desta natureza. Na verdade, todas as pessoas queriam que eu fizesse aquilo (a briga com o então secretário Carioca), tinham vontade de fazer, mas não tinham coragem, e eu fui lá e peitei-o verbalmente e as pessoas jogaram como se eu o tivesse agredido fisicamente. Pergunte a ele se eu trisquei pelo menos um dedo nele…

Então, o governador Gladson Cameli com o senhor pode ficar tranquilo: vai ter paz não é?

Com certeza! Da minha parte, tudo bem: eu sou político e nós vamos trabalhar e vou mostrar trabalho em minha cidade. Só espero que o atual governador vá lá a Sena Madureira e cumpra com tudo aquilo que ele prometeu, de ajudar a nossa cidade. Ele prometeu fazer uma segunda ponte sobre o rio Yaco. O senhor acha que isso pode sair? Acho. Se ele prometeu, vamos aguardar – o homem está com pouco mais de um mês de governo. Vamos aguardar para ver se nos próximos dois ou três anos se ele manda pele menos limpar a cabeceira do rio Yaco. Se ele roçar a cabeceira do rio, eu vou dizer que ele vai fazer. Mas esperamos que ele cumpra esse compromisso de fazer uma nova ponte e não só isso. Ele disse que ia ajudara Prefeitura a asfaltar a cidade…

O que a Prefeitura de Sena Madureira mais necessita hoje? Qual seria hoje a sua prioridade?

O que todo o prefeito hoje necessita é que o Governo do Estado venha apoiar às ações do município. Por exemplo: essa necessidade de parceria de recapeamento das ruas do município, abertura de ramais – onde o município tem cumprido um papel que é do governo – e o repasse do dinheiro para comprar alguns remédios…

Quanto é que a Prefeitura necessita por mês para comprar esses remédios?

É mixaria. Para a saúde, para comprar remédio, o governo tem que repassar – e os governos passados nunca passaram e atual também não está passando, apesar de mais de um mês da posse -, o valor é de R$ 9 mil a parcela do Estado. E isso o governador ainda não passou e os outros governos também não passaram. É assim: o governo do estado tem a obrigação de passar um percentual que dá em torno de R$ 9 mil mensais, e o município, pela mesma lei, tem que repassar algo como R$ 6 mil. Hoje, o governo federal cumpre sua parte repassando R$ 19 mil. Só quem está pagando isso são os governos federal e o municipal – o Estado, nem nas gestões passadas nem agora no Gladson, não vem honrando essa mixaria de R$ 9 mil por mês. O que a gente espera é muito mais. A gente espera que o governo vá para lá, ajude com insumos para a gente poder asfaltar a cidade como ele prometeu e ajude também a abrir os ramais, na época do verão, como ele também prometeu. É dessa parceria que a gente precisa e aí vou estender tapete velho para o governador quando ele chegar à minha cidade – só se ele não quiser, mas o tapete estará estendido e vou recebê-lo na minha Prefeitura como prefeito e ele, como governador, com todo o respeito. E vou vir no gabinete do governador todas às vezes que houver necessidade e agenda marcada. Se ele me receber eu vou lá fazer pedidos como prefeito. Eu acho que as coisas estão muito acima de caprichos do prefeito ou do governador. Esse negócio de o prefeito não gostar do governador e vice versa são questões muito abaixo do interesse do povo. O povo quer políticos que trabalham.

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