Defensora intransigente da necessidade de os seringueiros da Amazônia andarem armados com suas espingardas, a deputada federal Perpetua Almeida (PCdoB) é belicista apenas na aparência. No fundo, ela é da paz e vem se posicionando na Câmara Federal contra a intromissão do governo Jair Bolsonaro na crise da Venezuela.
Perpétua Almeida destaca que o Brasil é uma nação que cultua a paz e que nas únicas vezes que foi às armas contra seus vizinhos de fronteiras foi há mais de cem anos atrás, contra o Paraguai, e contra a Bolívia, na questão do Acre.
“Me preocupa ver o governo Bolsonaro se alinhando aos Estados Unidos nesta questão da Venezuela, inclusive com essa tal da ajuda humanitária, que é na verdade uma justificativa para a invasão americana”, disse a parlamentar. “A gente sabe que os EUA querem invadir a Venezuela por causa da riqueza daquele país em petróleo”, acrescentou.
O que preocupa é que o presidente Nicolás Maduro, que luta para permanecer no cargo e ameaça resistir a invasão, esta movimentando tanques e outras armas na fronteira com o Brasil. Ao que tudo indica, Maduro já percebeu que o oferecimento de ajuda humanitária de Bolsonaro é apenas para se alinhar ao presidente norte-americano Donald Trump no comando da invasão e está disposto a retaliar contra o Brasil. “Isso é muito perigoso”, disse a deputada, em discurso na Câmara.
Ela chamou atenção também para o fato de que o núcleo militar do governo Bolsonaro, comandado pelo general Mourão, o vice-presidente da República, parecem contrários aos movimentos do presidente em apoio a Donald Trump. “Alguns militares do governo chamam a atenção para o fato de o Brasil ter tradição de só se envolver em conflitos, mesmo com ajuda humanitária, em comum acordo com o pais envolvido e mediação da ONU (Organização das Nações Unidas). Não é isso o que esta acontecendo em relação a Venezuela”, disse.
Perpétua Almeida afirmou ainda ter a impressão, nesses 55 dias de Governo, que o núcleo militar do entorno de Bolsonaro é mais preparado intelectualmente e que mais oferece confiança aos brasileiros. “O núcleo civil do Governo Bolsonaro pode nos levar a nos envolver com uma guerra que não é nossa”, alertou.