O ex-assessor do ex-deputado Léo do PT, Roraima Rocha, pediu oficialmente desfiliação do partido nesta sexta-feira (08). Segundo ele, são dois os cernes de suas motivações: que o partido não é mais o mesmo de antigamente e o que viu sendo feito contra o ex-senador Jorge Viana. “Foi nefasto. Jogo baixo mesmo”, dispara
“Estoy Fuera. Me desfiliar do PT garante que não serei nomeado no governo do Gladson”, ironiza ele, que também era um dos membros da tendência DR (democracia radical), considerada por muitos a “culpada” das articulações erradas que levaram o partido a devastadora derrota sofrida nas urnas nas eleições de 2018.
“A DR também é uma das responsáveis pela derrota do Jorge Viana. Ninguém assume, mas eu vi a campanha acontecendo e a estratégia para a candidatura do Ney Amorim ao Senado que foi articulada dentro da DR, a contra gosto não só do Jorge [Viana],mas também do Marcus Alexandre. A candidatura do Jorge foi sim boicotada. Saí do grupo por não acreditar que ainda hoje continuam defendendo o Ney.”, ressaltou.
Estudante de direito, educador social e funcionário público, Roraima Rocha já foi dirigente do PT e no mandato de Léo de Brito era o responsável pela comunicação do mandato. Como militante, atuava nas redes sociais, inclusive, na linha de frente das campanhas eleitorais mais recentes.
Indagado pelo site Contilnet, ele diz que não sai com rancor, nem mágoa e frisa que seus melhores amigos pessoais são petistas, mas que diante do atual cenário e posturas adotadas por petistas não somente em nível estadual, mas também nacional, ele não vê outro caminho que não se desligar das fileiras partidárias do PT.
“Sai por uma questão de coerência com os princípios que herdei do meu pai e do meu avô. O que vi sendo feito contra o Jorge Viana foi nefasto e isso permanece. Jogo baixo mesmo. Além disso, ver tudo que está acontecendo a nível nacional no PT e não se indignar é ser conivente. Como bem disse o Ciro [Gomes]: ‘o Lula tá preso, babaca!”, disse remetendo- se a uma resposta dada por Gomes a militantes petistas e comunistas que o vaiaram em recente ato da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Roraima questionou também a condução do atual presidente do partido, Cesáreo Braga, ao posto. “Não por ele, mas pela forma. Nós elegemos o Zen e mudaram sem uma discussão. Sei que a tendência pode indicar um tampão de seu grupo, mas não houve nenhuma conversa sobre quem seria a pessoa. Nem quando assumiu o Kamai e nem agora.”, ponderou.
A falta de decisões coletivas, que tem sido uma reclamação recorrente entre os petistas e mencionada por Roraima Rocha, segundo ele, é um dos principais pontos que lhe fazem afirmar que o partido não é mais o mesmo. “Quero trilhar um caminho diferente que não é mais o mesmo do PT. Sigo na esquerda, mas quero poder fazer minhas críticas sem amarras. ”, finalizou, acrescentando ainda que “Não dá, por exemplo, para acreditar 100% na inocência do Lula.”.