Quem espera que a pastora Sandra Asfury (PSC), vereadora empossada no último dia 01, na Câmara de Rio Branco, no lugar de Manoel Marcus (PRB) – que foi eleito deputado federal – tenha um mandato voltado apenas para as pautas evangélicas ou do movimento cristão e os pleitos das igrejas, pode se frustrar. Professora, ex-atleta da Seleção Acreana de Vôley e atuante em obras sociais, ela informou que já colocou o pé na lama como parlamentar e que seu mandato está a serviço de toda a sociedade.
“Eu sei a diferença de um pastor no púlpito da igreja e de um parlamentar na tribuna. Eu sei que Deus me colocou aqui, mas estou aqui para lutar pelas famílias, pelo povo, pela sociedade. Eu disse para DEUS que eu quero ser remédio na vida das pessoas. Sou uma pessoa de luta. Não estou à procura de status, luzes, holofotes. Quero fazer boa política acontecer.”, garante.
Esposa do ex-deputado estadual Jamyl Asfury, o casal é membro da Igreja Batista do Bosque há 27 anos e atuam como pastores da família, liderando redes de casais e no projeto SOS Famílias. Sandra não atribui sua eleição exclusivamente à igreja e nem como uma herança do marido, mas também ao trabalho social que desenvolve na cidade.
“O Jamyl é uma referência para mim, é o meu amor e foi através dele que vi como funciona a boa política. Não vou apenas dar continuidade ao que ele fez, mas tem muitas coisas herdadas como a política séria e honesta, mas tem coisas novas até pelo fato de eu ser mulher. Já foram levantadas questões aqui que eu já em engajei em favor das mulheres.”, informou.
Bandeiras das mulheres – Indagada sobre a questão do aborto que é uma bandeira do movimento de mulheres, Sandra respondeu que é a favor da vida. “Minha formação me respalda e não vou mudar minha opinião, sobre essa questão específica. Essas coisas tem que ser revistas e cada caso é um caso. Mas existem equívocos, por exemplo, na execução da Lei Maria da Penha porque ainda tem mulheres que continuam apanhando e mulheres que continuam morrendo. Os homens se sentem prejudicados. Então é todo um trabalho de educação também e como cristã eu não posso me negar a entrar nesse debate.”, ponderou.
Sobre a igreja e o movimento LGBT – a vereadora respondeu que sua postura é cristã. “As pessoas evitam conversar, mas eu sou clara e verdadeira e a Bíblia fala de amor e nós temos que tratar as pessoas com respeito e com carinho, mas as práticas dessas pessoas não é a correta no meu entendimento. Eu não tenho como concordar com essas práticas, mas amo as pessoas. Essa questão do respeito é séria e tem que ser levada em consideração.”, afirmou.
Movimento Cristão – Sandra Asfury acredita que os votos que obteve são provenientes da igreja, mas não em sua totalidade. “Tive sim votos do meio cristão, mas não foi 100% porque não basta só ser cristão, tem que ter testemunho de vida, tem que ter caráter. Eu creio que é uma somatória de coisas. Existem religiosos que não representam ninguém.”, alfinetou, acrescentando que seus votos também vieram “de uma população que anseia pela verdade, e de pessoas que tenham amor no coração suficiente para fazer o melhor por eles.”, acrescentou.
Admitindo, porém, o compromisso com o movimento cristão a vereadora lembra que por estar à frente do Partido Social Cristão (PSC) não há como dissociar isso de seu mandato. “É claro que esta parte da minha vida esteja também disponibilizada para o mandato. É uma questão de lógica. Tô (sic) aqui para dar apoio às igrejas, mas quero trabalhar pelo povo, pelas famílias que estão pedindo socorro na cidade de Rio Branco.”, repete.
Relação com Pastor Agostinho – O líder da Igreja Batista do Bosque que já se envolveu diretamente na política partidária contribuindo com a eleição de membros da igreja como o deputado Alan Rick, o próprio deputado Jamyl Asfury e outros, declarou que não mais envolveria a igreja em política. Sobre isso, a pastora respondeu que a relação com Agostinho é de muita amizade. “Já tem 27 anos que sirvo a Deus. Cheguei com o Jamyl na igreja antes dele e votamos nele para pastor. Fomos convocados por Deus para fazer algo maior e consultamos sim ao pastor e estamos liberados para cumprir essa missão fora da igreja. Tenho muita consideração e estima pela Pastora Valéria (esposa de Agostinho). Ele sempre se posicionou a favor de mim e outros membros da igreja, mas entendemos que há um reino e temos votos de várias igrejas. Não só a Batista mas Assembleia (de Deus) e outras.”, disse.
Mandato tampão somente? – A vereador afirma estar “tomando gosto” pela política e não pretende ser vereadora só de meio mandato. “Desde que descobri a importância da política numa sociedade como agente de transformação, eu entendi que poderia dar sequência nisso porque a motivação do meu coração está correta e eu vejo que posso ser esse canal de bênção na vida das pessoas e dar resultados. Eu gosto do povo, eu gosto das famílias. É inacreditável chegar nos lugares e ver as pessoas chegando até nós com esperança. Deus me proporcionou esse mandato e o meu compromisso diante das pessoas é dar o meu melhor e eu dizia às pessoas que quando Deus me desse oportunidade de fazer uma representação com poder da caneta eu assim faria.”, prometeu.
Mandato na prática – lembrando que é professora do Ensino Especial, Sandra Asfury disse que “sabe onde dói” e que seu mandato está à disposição para os embates na área da educação e outros pleitos sociais. “Estou aqui fazendo a medida que a gente pode. A gente que tem as dificuldades, mas tem essa luta dos transportes que está eminente e é muito difícil onde a população que normalmente paga o preço. Estão falando em aumento de IPTU e é uma coisa que tem incomodado a todos. Ninguém fala em geração de emprego e de renda e precisamos trabalhar essas políticas públicas para que as pessoas tenham poder aquisitivo suficiente.”, defendeu.
Prometendo ser uma parlamentar atuante, questionadora e investigativa, Sandra Asfury informou que já apresentou três indicações de demandas da população, sendo uma dela da comunidade da Praia do Amapá para tratamento de esgoto. “Também já andei no Belo Jardim, vi as pessoas dentro da lama e é impossível não se sensibilizar e não querer fazer nada em relação a isso, não ser a esperança para essas pessoas.”, comentou.