O dia que marca uma semana do massacre que matou dez pessoas na Escola Estadual Raul Brasil tem sido marcado pela solidariedade. Alunos de outras escolas, inclusive de outras cidades, estão na frente da escola em Suzano com o objetivo de acalentar as vítimas e as famílias. Alguns levam cartazes, outros cantam, dezenas se reúnem em abraços coletivos.
Um ato ecumênico organizado pela Secretaria Estadual da Educação será realizado na quadra e deve reunir representantes de pelo menos cinco religiões. Também participam o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares da Silva, e o prefeito de Suzano, o prefeito Rodrigo Ashiuchi.
A empresária Hérica Suzart percorreu mais de 50 quilômetros nesta manhã para distribuir abraços e flores. Ela levou 300 botões de rosas. “Vim para prestar solidariedade e para um abraço, passar que ainda existe esperança. Já era para eu ter vindo antes, porque distância não é problema”.
Após o ato ecumênico, professores, servidores, estudantes, familiares e voluntários que apoiam o retorno das atividades escolares realizarão um abraço coletivo em torno do prédio.
Um grupo de Poá, com 30 alunos, chegou cedo à Raul Brasil. A estudante Maria Alice Costa Santos, de 15 anos, cantou louvores na rua. Ela não conhecia as vítimas.
“Nós somos todos irmãos. Nós sentimos a dor do outro. É muito forte para nós, porque nós viemos aqui em solidariedade, sentir a presença de todos que estavam aqui”, diz.
Para a aluna, as vítimas do massacre tinham a missão de ensinar quem fica. “Eles nos deram uma lição que é aproveitar o hoje com quem a gente ama. Deixar o orgulho de lado, as mágoas de lado, para nós sentirmos o amor que é estar um com outro”, reflete entre lágrimas.
Jatyxaiane da Silva, de 17 anos, também é de Poá e conhecia um dos mortos no massacre, Douglas Murilo Celestino de 16 anos. O estudante conseguiu sair da escola durante o massacre, mas voltou para ajudar a namorada, Adna Bezerra, também de 16 anos. Ela continua internada no Hospital das Clínicas.
“É bem pesado, você fica abatido. Queria conversar com eles pra saber se estavam bem. A gente se coloca no lugar do outro. Por isso, nos organizamos de vir aqui hoje e fazer mais essa homenagem para eles.”
O ataque
Os assassinos de 17 e 25 anos mataram sete pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, na quarta-feira (13). Um deles baleou e matou o próprio tio, em uma loja de automóveis.
A investigação aponta que, depois do ataque na escola, um dos assassinos matou o comparsa e, em seguida, se suicidou.
A polícia diz que os dois tinham um “pacto”, segundo o qual cometeriam o crime e depois se suicidariam.