Rejeição ou uma forma de fuga da responsabilidade paterna. Uma dessas possibilidades – ou as duas juntas – são as linhas de investigações da Polícia Civil do Acre para apurar a morte de uma menina de apenas 2 meses de idade, pelo próprio pai, o agente de Polícia Federal Dheymersonn Cavalcante Gracino dos Santos, 40 anos, lotado na delegacia de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá. O caso foi registrado em Rio Branco no feriado de sexta-feira (08), Dia Internacional da Mulher, mas só foi divulgado no final de semana. Sepultada neste domingo (10) e ainda não registrada, a vítima se chamaria Maria Cecília Pinheiro Souza.
A Polícia Civil investiga o caso e o agente federal, conduzido a uma delegacia de polícia de Rio Branco pelos próprios colegas, foi preso em flagrante. Em depoimento, a mãe do agente assumiu a responsabilidade pela alimentação indevida da criança, com duas mamadeiras de leite artificial e industrial, mesmo com a advertência de que a menina, por ter nascido prematura, só se alimentava de leite materno. A Polícia Civil quer saber se a alimentação indevida não foi um plano diabólico e proposital do pai e da avó da criança para eliminá-la e evitar complicações futuras como o pagamento de pensão alimentícia.
A informação de que a criança ainda não ingeria outro alimento senão o leite materno foi repassada de forma insistente pela mãe da menina, a enfermeira Micilene Pinheiro Souza, que teve um relacionamento frugal com Dheymersonn Cavalcante por aproximadamente um mês apenas. A suspeita sobre o agente federal recaiu porque ele sempre foi contra a gravidez, chegou a propor que a mãe ingerisse remédios abortivos e, depois que a criança nasceu, se recusava a registrá-la e até mesmo a vê-la.
A propósito, a mãe, natural e moradora do município de Marechal Thaumaturgo, no Vale do Juruá, estava em Rio Branco exatamente para submeter a criança a um exame de DNA a fim de para levar o agente federal a assumir a paternidade, algo que ele inicialmente não aceitava alegando que a menina não era sua filha ou que havia sido vítima do chamado “golpe da barriga” – quando mulheres engravidam intencionalmente buscando obterem pensões alimentícias no futuro. Mas foi o agente federal que convidou a mãe a vir para Rio Branco, no último dia quatro de março, para a realização dos exames de paternidade e a Polícia Civil, a quem caberá investigar a conduta do agente federal no caso, quer saber também se isso também não fez parte do plano para a eliminação da criança.
Na última sexta-feira, alegando que estava de folga em função do feriado, parecia ter mudado radicalmente de posição. Acompanhado de sua mãe, o agente procurou a mãe da criança, que estava hospedada na casa de parentes em Rio Branco, pedindo-a para levá-la em sua casa, sem a companhia da mãe da bebê, a fim de mostrá-la aos parentes e tirar fotografias que seriam enviados para Alagoas, de onde o agente federal é natural. Horas depois, o agente ligou para Micilene Pinheiro ir ao Pronto Socorro de Rio Branco informando que a menina havia passado mal e convidou-a para ir ao hospital urgente, de taxi. Lá chegando, de acordo com o relato da mãe da criança, ela encontrou Dheymersonn Cavalcante Gracino dos Santos na sala de medicação, passando mal e sendo medicado. Em seguida, foi informada de que sua filha havia falecido.
Na delegacia onde prestou queixa do caso, Micilene Pinheiro disse que estranhou a demora na devolução da criança, mais de três horas já que ela que teria que mamar no peito, e ligou diversas vezes para o ex-namorado, sem que ele atendesse as ligações. Quando fez contato com ele, foi a partir da ligação dele, com a notícia do passamento da criança.
Maria Cecília foi sepultada com um atestado de óbito informando que sua causa morte foi broncoaspiração, patologia causada por asfixia por contrição do pescoço, chamada pela Medicina Legal de exoftalmia, uma condição caracterizada por um ou ambos os olhos saltados, sendo provocada principalmente por doença graves, uma condição autoimune ou decorrência de tumores, infecções, desordens vasculares ou celulites orbitárias, uma infecção que acomete a órbita ocular. De acordo com informações de profissionais de saúde que examinaram o corpo da menina, ela tinha o abdômen muito protuberante (inchado) e apresentava sinais de sangramento no ânus e nas fezes.
Dheymersonn Cavalcante Gracino dos Santos é agente federal concursado desde 2015, quando tomou posse. É natural de Alagoas e se relacionou com Micilene Pinheiro durante um curto período em que passou em Marechal Thaumaturgo em missão policial. Desde o primeiro momento em que soube da gravidez até o sexto mês de gestação, segundo Micilene Pinheiro, ele insistia no aborto, mesmo ciente dos riscos de casos assim. Micilene também contou à polícia que, ao saber que a mulher não faria o aborto, ele tentou introduzir, à força, durante uma relação sexual, pela vagina, dois comprimidos de Cytotec, medicamento abortivo, o que levou Micilene ao hospital na época.