Don Bigode e Café Poesia vão promover folia diferente em Rio Branco

Alheios à máxima segundo a qual “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”, música imortalizada pelo também imortal Dorival Caíme, ou aos pedidos de Paulinho da Viola para que “não se altere o samba tanto assim”, em Rio Branco, capital do Acre, há pelo menos dois lugares que, em pleno Carnaval, a maior festa popular do planeta, a trilha sonora será outra que não o tradicional ziriguidum, o som que faz do Brasil um país único e singular quando o assunto é música e festa. Os carnavais diferentes vão acontecer no “Bar e Barbearia Donn”, o antigo Dom Bigode, e no “Café com Poesia”, no bairro Floresta.

Samba e algumas marchinhas, no Donn, até serão tocados e tolerados, mas o que vai prevalecer mesmo é o som tradicional da casa, o Pop Rock, Regae e outras baladas que, musicalmente, não combinam com o Carnaval, vamos combinar. “Nada contra o samba nem contra o Carnaval, mas vamos tocar o som que é tradicional na casa e que é a cara de seus clientes”, disse Lucas Costa, sócio-administrativo do Donn. “Vamos para o terceiro ano consecutivo com esse carnaval diferenciado e percebemos que agradamos aos nossos clientes que, até podem gostar de samba e carnaval, mas aproveitam o período carnavalesco para relaxar com os nossos serviços e produtos”, disse Lucas.

Lucas Costa, do Donn/Foto: Reprodução

O “Donn” vai atender seus clientes com os serviços de barbearia e cabelo, além de servir bebidas as mais variadas e com o maior estoque de cervejas, inclusive importadas, da cidade. Vai atender também com uma novidade da casa, o cachorro quente batizado de “Donn hot dog”, uma iguaria também já famosa na cidade pelo sabor e qualidade.

Já no “Café com Poesia”, de acordo com o proprietário, o ativista Cultura César Augustgo, nem rock nem samba vão rolar. A casa é conhecida pelo bom gosto musical do proprietário e clientes, apaixonados por samba, música clássica e poesia. Portanto, os clientes vão viver ali um período carnavalesco como sempre vivetamu: de poesia. Músicos serão convidados e quem quiser dedilhar um violão e cantar canções que não sejam carnavalesca, até poderão. “Mas o nosso foco é a poesia”, disse César Augusto. “Nada contra a maior festa popular do Brasil, nas nosso estilo é outro”, acrescentou.

Café com Poesia/Foto: Reprodução

Situada numa rua residencial, o “Café com Poesia” é conhecido também na vizinhança pela sobriedade de suas festas: música a uma altura que não incomoda ninguém e que fecha cedo, no máximo às 22 horas – coisas que, aliás, combinemos também, não combinam com Carnaval.

A história do samba e da Música Popular Brasileira conta que o pedido de Paulinho da Viola para que não estraguemos o samba tanto assim surgiu de polêmica do compositor com ninguém menos que Benito de Paula. Está na música “Argumento”, de Paulinho da Viola, em resposta à “Retalhos de Cetim”, um samba de Benito de Paula tocado – veja só! – a piano. Lançada em 1973, dois anos de Paulinho escrever “Argumento”, diz assim: Ensaiei meu samba o ano inteiro /Comprei surdo e tamborim / Gastei tudo em fantasia / Era só o que eu queria / E ela jurou desfilar pra mim / Minha escola estava tão bonita / Era tudo o que eu queria ver / Em retalhos de cetim / Eu dormi o ano inteiro / E ela jurou desfilar pra mim / Mas chegou o carnaval / E ela não desfilou / Eu chorei na avenida, eu chorei / Não pensei que mentia a cabrocha/ Que eu tanto amei”.

Lançada em 1975, a canção de Paulinho falava sobre a descaracterização do samba em relação ao ritmo e seu instrumental. Confira: “Tá legal Tá legal/ eu aceito o argumento/ Mas não me altere o samba tanto assim/ Olha que a rapaziada está sentindo a falta De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim/ Sem preconceito ou mania de passado/ Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar/Faça como um velho marinheiro/ Que durante o nevoeiro Leva o barco devagar”.

Serviço

Café com Poesia

Rua Edmundo Pinto, número 140 – Conj. Bela Vista, bairro Floresta

Dom Bigode

Rua Rio de Janeiro, S/N, bairro Dom Giocondo

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