A curiosidade da reportagem do ContilNet foi atraída nesta quinta-feira (21) por um bebê de 10 meses todo pintado de azul, em frente a uma loja de artigos indígenas instalada na galeria que fica localizada na Praça da Revolução, com acesso pela Avenida Brasil, bem no Centro de Rio Branco.
Ao invés da cena mais comum – estarem sentados na calçada pedindo esmola aos transeuntes –, a família, de etnia indígena Kaxinawá, montou uma loja onde comercializa artesanato, brincos, colares, pulseiras, bolsas, aplicadores de rapé e o próprio rapé em três versões: mentolado, tradicional e o que não tem tabaco, feito somente da raiz.
O patriarca da família, Antônio Carlos da Silva, teve que vir à Capital para fazer um tratamento de saúde, mais precisamente na coluna, e conta que para sobreviver na cidade precisou usar a criatividade. “Nós precisamos comer, então temos que trabalhar”, disse.
Pertencente à aldeia Carapanã, localizada às margens do Rio Tarauacá, para sair de casa Antônio teve que trazer a esposa Maria, a filha Margarida e o neto Xane, o garotinho pintado de azul que chamou a atenção da reportagem.
Indagado, o avô explicou que se trata de um protetor de pele, feito de jenipapo da floresta, que protege contra picadas de mosquitos, como o da dengue.
A etnia indígena Kaxinawa, que se autodenomina Huni Kui, é uma das 15 conhecidas e registradas no Acre, onde existem também outras três não registradas, as dos chamados “índios isolados”. Os Huni Kui habitam a região acreana mais à fronteira com o Peru, onde as aldeias estão espalhadas às margens dos rios: Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus.
Consultando a Fundação Nacional do Índio (Funai), a informação, com base em dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS), é de que os povos indígenas constituem uma população de pouco mais de 19,6 mil pessoas, representando 2,7% da população total do Acre e 9,7% da população rural.