PCdoB encerra conferência com anúncio de oposição ao governo e fusão com PPL

Os governos de Jair Bolsonaro (PSL) e de Gladson Cameli (Progressistas), a dependerem do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), vão comer da banca podre em termos políticos. Em conferência estadual extraordinária realizada em Rio Branco neste sábado (9), e encerrada no início desta noite, os comunistas decidiram radicalizar em oposição ao presidente da República e ao governador do estado, bem como às suas propostas de governanças porque, segundo o que foi decidido, ‘nenhum dos dois preenche os requisitos de atuação no polo democrático e popular nos quais o PCdoB sempre atuou’.

As conferências da sigla no Acre foram realizadas em 2019 em todos os 22 municípios estaduais, mobilizando cerca de 700 pessoas, e encerradas com o encontro de Rio Branco. As conferências regionais, incluindo a da Capital, neste sábado, foram preparatórias para a escolha dos delegados que participarão, em São Paulo, no dia 17 de março, da conferência nacional. A conferência extraordinária de Rio Branco mobilizou pelo menos 170 delegados de todos os municípios acreanos.

PCdoB: Celebração a Che Guevara e oposição a Jair Bolsonaro e Gladson Cameli/Foto: Ruan Diaz

Uma das principais decisões deste sábado, além da radicalização na oposição aos governos de Bolsonaro e Cameli, foi a incorporação do PPL (Partido Pátria Livre) como parte da agremiação. O partido reúne antigos militantes do MR-8, agrupamento revolucionário cujo nome é uma evocação à data do assassinato do líder Ernesto Che Guevara na Bolívia, em 8 de outubro de 1968, e que se transformou em partido há três anos.

A incorporação, que deve ser ratificada nacionalmente no encontro em São Paulo, não ocorre por acaso. Faz parte da exigência da legislação eleitoral, segundo a qual, a partir deste ano, no Brasil, um partido para existir formalmente precisa ter eleito em 2018 nove deputados federais em nove estados brasileiros – ou ter obtido 1,5% dos votos no território nacional, o que permitirá à legenda continuar a receber recursos públicos do Fundo Partidário e a manter os programas de rádio e TV na propaganda eleitoral gratuita. O PC do B elegeu sete deputados em território nacional e o PPL apenas um, na Bahia, mas o restante dos votos sobrados permitiu chegar ao limite de 1,5%.

Edvaldo: reestruturar a FPA ou mudar nome/Foto: Ruan Diaz

A conferência extraordinária do PCdoB no Acre, no entanto, ateve-se às questões da política local. Os comunistas avaliam, segundo o deputado Edvaldo Magalhães, que a agremiação alcançou papel importante nas eleições de 2018, quando conseguiu recuperar espaços políticos como a eleição de dois deputados estaduais (Genilson Leite conseguiu se reeleger) e recuperar mandato da deputada federal Perpétua Almeida.

“Isso nos faz ter muito mais responsabilidades com o campo democrático, porque vamos ter que recuperar esse polo de atuação”, disse Magalhães.

Isso significa dizer que o PCdoB deve liderar o processo de reunificação da Frente Popular do Acre, a coligação encabeçada pelo PT, e tendo os comunistas como aliados nos 20 anos em que governou o Acre, mas que acabou esfacelada com o resultado das eleições de 2018. “O resultado das eleições nos relegou o papel de oposição e não vamos abrir mão do papel que o eleitor nos deu. Isso inclui a recuperação do polo popular em que sempre atuamos”, disse o deputado Edvaldo Magahães.

Segundo afirma, a Frente Popular pode até mudar de nome, porque, segundo ele, quando se rompe um ciclo, tudo muda. Isso inclui até a possível perda de parceiros, como os chamados partidos nanicos – PV, Pros, PRB, Podemos e PSOL –, que sempre acompanharam a Frente Popular e que agora buscam outros nichos na política local, como a candidatura do professor Minoru Kinpara à prefeitura de Rio Branco, no ano que vem.

“Ainda é cedo para debatermos tais questões, mas teremos nossa opinião sobre os fatos. Não usaremos sapatos altos só porque recuperamos o espaço na política local”, disse Magalhães.

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