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Pesquisadores da Amazônia desenvolvem armadilha em que o próprio mosquito da dengue combate proliferação

Por AGÊNCIA DO RÁDIO MAIS

Foto: Reprodução

Como usar o transmissor de uma doença para evitar que ela se dissemine? Pesquisadores da Fiocruz Amazônia conseguiram resolver essa questão de uma maneira fácil e barata.

A equipe de pesquisas da instituição, administrada pelo Ministério da Saúde, desenvolveu uma espécie de armadilha para o mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, zika e chikugunya. As chamadas Estações Disseminadoras de Larvicidas são compostas por um pote com água, coberto por um pano preto e com um produto químico na superfície. Chamada pelos pesquisadores de “armadilha”, o item faz com que o mosquito pouse para tentar colocar os ovos, e ao tocar o pano, entra em contato com o larvicida. A boa notícia é que partir daí, ao ir para outros criadouros, o inseto leva o veneno consigo e contamina as larvas que estiverem no local. Dessa forma, se reduz a proliferação do Aedes aegypti.

Segundo Sérgio Luz, pesquisador da Fiocruz Amazônia, o trabalho foi baseado em um projeto científico japonês de 2009, que apontava que o mosquito era capaz de carregar o larvicida para outros lugares. A partir daí, as pesquisas se intensificaram, até que houve o primeiro teste em Manacapuru, na região metropolitana de Manaus, com mil estações. Os resultados, segundo ele, foram positivos. O pesquisador ressalta, contudo, que as estações são mais uma forma de combate ao mosquito, além daquelas já adotadas.

“Não existe nenhuma solução única para o controle de doenças transmitidas por vetores, sejam mosquitos, barbeiros. Isso é uma coisa bem clara. As medidas de controle precisam ser integradas, então as armadilhas cumprem um papel muito importante no combate ao vetor. Achando esses locais que muitas vezes são impossíveis de você identificar, ou que são impossíveis de você chegar pelas dificuldades que são colocadas, como casas e terrenos abandonados, áreas inacessíveis. Então, as estações têm um papel importante, as medidas de controle normais precisam continuar sendo feitas e as armadilhas precisam entrar como uma ferramenta a mais no controle.”

Atualmente, há armadilhas desse tipo em cinco cidades do Amazonas, e em outras seis do Brasil: Natal, Fortaleza, Goiânia, Belo Horizonte, Marília e Recife. Sérgio Luz lembra ainda que as amostras são pequenas e passam por testes periódicos, junto às secretarias municipais e estaduais para acompanhar resultados e o desenvolvimento do projeto.

A armadilha pode ser mais uma aliada no combate ao mosquito da dengue. No início desta semana, o Ministério da Saúde divulgou um boletim atualizado com os números de casos de cada doença transmitida pelo Aedes. Segundo o Ministério, os casos de dengue subiram 264,1% no país, ultrapassando os 229 mil casos até 16 de março. Tocantins, Acre e Mato Grosso do Sul foram os estados com os maiores índices de casos a cada 100 mil habitantes.

Foram registrados 2.062 casos de zika no Brasil em 2019, bem acima dos 1.908 registrados no mesmo período do ano passado. No caso da chikungunya, são mais de 12 mil casos em 2019, abaixo dos mais de 23 mil registrados em 2018, uma queda de 44%.

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