Em reunião do diretório estadual, o Partido dos Trabalhadores (PT), que governou o Acre nos últimos 20 anos, deliberou táticas de reestruturação, após a maior derrota sofrida nas urnas, em outubro de 2018, e por meio de uma resolução publicada nesta sexta-feira (01), o partido conclama à unidade interna, avalia que o “Acre está sem direção” e, naturalmente como oposição, tece críticas ao atual governo.
“Reconhecemos que é muito cedo para avaliações definitivas, porém, a sociedade acreana já cobra um rumo, uma direção que aponte verdadeiramente para o futuro – coisa até aqui impossível de perceber.”, diz o texto ao analisar a atual conjuntura estadual.
Em seguida, o partido que, durante sua gestão, tentou implementar um modelo econômico com base florestal, criticou a proposta de desenvolvimento apontada pelo atual governo, no Acre. “Meio que tateando um caminho, o atual governo apresentou o plantio de soja como solução para geração de emprego e renda no Acre. Ou pela falta de conhecimento ou pela simples omissão, não falam ao povo que essa monocultura só pode ser implementada em uma pequena faixa de terra acreana localizada na região do Vale do Alto Acre, que possui condições de solo e relevo que possibilitam o plantio em escala, necessário para a obtenção de lucros. Além do que, todas as fases, desde plantio a colheita são mecanizados, empregando pouquíssimos funcionários para a lida de grandes extensões de terra.”, explicam.
O documento também menciona a disputa interna das forças políticas que estão no poder administrativo do Estado e defende os servidores do quadro efetivo que serviram a governos petistas. “No Acre, as forças políticas que ganharam as eleições, como esperado, vivem uma guerra interna pela divisão dos espaços de governo, inviabilizando o pleno funcionamento do Estado. Aliado a isso se iniciou uma perseguição cega aos servidores públicos de carreira, alegando que os mesmos são “petistas” e contribuíram nas gestões anteriores, esquecendo-se por completo que, no exercício de suas funções públicas, estes prestam serviços ao Estado e para o povo, independente de qual grupo político está no governo.”, ponderam.
A resolução admite “erros e omissões” mas reconhece o respeito à decisão da população. “ O tempo de alegar a já esperada e pouco crível “herança maldita” está esgotando. Nossos 20 anos à frente do Governo do Estado serão lembrados pelo povo acreano não apenas por erros e omissões certamente praticados, mas, temos certeza, principalmente pelos acertos e realizações – que nos enchem de orgulho. A história produz a sua justiça. O povo, após vinte anos de renovada confiança, soberanamente optou pela alternância.”, assinala.
Reafirmando seu posicionamento de oposição o partido publica qual será sua tática política. “Nosso papel, neste momento, na condição de oposição ao novo governo, é mostrar à sociedade acreana os erros de condução política e as falhas administrativas que possam estar comprometendo nosso desenvolvimento e nosso futuro. […] Diante desse cenário, cabe ao Partido dos Trabalhadores do Acre cumprir as tarefas que urgem para seu processo de reorganização e construção de um novo modelo de partido, de tal modo a reunir as condições de luta na defesa da classe trabalhadora e dos mais pobres.”, avaliam.
Em outros trechos, a direção do partido manifesta pesar pelo assassinato do ex-vereador e presidente do diretório municipal do PT de Capixaba, Damião Queiróz; fala dos ataques da direita à classe trabalhadora e aos direitos básicos; “abraça” Tião Viana, Jorge Viana e Nazaré Araújo; agradece aos deputados que não se reelegeram: Sibá Machado, Raimundo Angelim, Leo de Brito (federais), Lourival Marques e Leila Galvão (estaduais); cita Marcus Alexandre; parabeniza os deputados reeleitos Jonas Lima e Daniel Zen; e critica o ex-deputado Ney Amorim.
O documento do PT do Acre também avalia a conjuntura nacional como “preocupante” com o governo de Bolsonaro e, por fim, convoca a militância para o “Encontro Estadual” nos próximos dias 30 e 31 de março, com a presença de todos os parlamentares, líderes sindicais e dirigentes.