A ideia de uma possível grave de internos da Colônia Souza Araújo, situada às margens da BR-364 no sentido Rio Branco-Porto Velho, no quilômetro 14, inclusive com o fechamento da rodovia, é do senador Sérgio Petecão (PSD-AC), primeiro secretário do Senado Federal (PSD-AC). Foi o que ele admitiu, em contato com a reportagem do ContuilNet, por telefone, em Brasília, nesta sexta-feira (15). “Pode dizer que a ideia da greve é minha, porque aquela situação não é mais possível de continuar ocorrendo”, disse o parlamentar.
Os internos da Colônia, cerca de 40 pessoas, entre homens e mulheres, são portadores de sequelas causadas pela doença conhecida como hanseníase. Muitos vivem em cadeira de rodas e, segundo Petecão, apesar das dificuldades de mobilidades, estão dispostos ao movimento de greve porque não suportam mais as condições sub-humanas em que estão vivendo. “Muitos já não têm dinheiro para comer nem para comprar medicamentos. Nem mesmo para comprar as ataduras para cobrir os ferimentos que eles carregam no corpo”, disse o senador, ao admitir ter sido procurado por lideranças da casa para conseguir dinheiro destinado à aquisição das ataduras. “Isso é um absurdo”, afirmou.
O senador disse ter agendado visitas à colônia mas não pôde cumprir os compromissos por agendas em Brasília, que não o permitiram vir ao Acre no final de semana. “Mas estou solidários com eles e já disse que, a continuar assim, com essa insensibilidade em relação ao drama deles, a saída é uma greve, inclusive fechando a rodovia”, afirmou.
Petecão afirmou que vai pedir ao secretário de Saúde, Alysson Bestene, que disponibilize uma equipe de médicos e enfermeiros para visitar a Colônia e socorrer aos pacientes. “Também vou pedir ao governador Gladson Cameli que restabeleça o convênio do Governo do Estado com a Diocese de Rio Branco, que mantém a Colônia, para que seja repassado o dinheiro que permite a aquisição de alimentação dos internos”, afirmou. “São homens e mulheres que, pelas sequelas da doença, não podem trabalhar, nem mesmo em atividades simples, para garantir o sustento. Então, precisam de ajuda e é chegada a hora de o poder público ajudar”, disse.
A Colônia Souza Araújo, uma das obras sociais da Igreja Católica, era mantida com recursos de um convênio entre a instituição e o Governo do Estado. Ocorre que os recursos do convênio não são repassados desde agosto do ano passado, ainda no governo de Tião Viana. “Não sei o valor do convênio, mas sei que é uma ninharia. Me surpreende que o governo passado, que fez política a vida toda em cima dos problemas dos hansenianos, tenha suspendido os repasses e me entristece que o governo atual não resolva isso logo, de uma vez por todas”, afirmou o senador.