Assembleia Legislativa deve rever cassações de deputados estaduais pela ditadura militar

Os mandatos dos cinco deputados estaduais acreanos cassados com a implantação da ditadura militar no país, em 1964, que também cassou o mandato do então governador José Augusto de Araújo, devem der “restabelecidos” pela Assembleia Legislativa. Projeto neste sentido deve ser apresentado pelo deputado estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), ao aceitar sugestão de militantes dos movimentos sociais inconformados com a cassação dos parlamentares, para lembrar, como protesto, os 55 anos de implantação da ditadura militar no país.

O primeiro a ser cassado na época foi Benjamim Ruela, deputado eleito por Cruzeiro do Sul, do PTB. “Ele foi cassado assim que a ditadura foi implantada, ainda no mês de abril”, revelou o ex-deputado Ariosto Pires Migueis, de 83 anos, que era militante político à época. Depois, vieram as cassações de José Akel Fares e Gerado Farias, ambos também do PTB, e Eloy Abud e Darcy Fontenele, do PSD, o mesmo partido que apoiava a ditadura e cujas cassações, por isso mesmo, carecem de explicações – todos foram acusados, na época, de atividades subversivas, assim como o então governador do Estado, José Augusto de Araújo.

Projeto neste sentido deve ser apresentado pelo deputado estadual Edvaldo Magalhães/Foto: Reprodução

A cassação do governador foi revista pela Assembleia a partir de projeto de autoria do então deputado estadual Eduardo farias (PC do B), atual vereador na Capital, em 2013, quando se completava 50 anos de sua deposição. José Augusto faleceu em 1971, de problemas no coração. Sua família, incluída a ex-primeira dama e ex-deputada federal Maria Lúcia de Araújo e sua filha Nazaré Araújo, procuradora do Estado e ex-vice-governadora, se emocionaram na sessão solene realizada para homologar o ato simbólico de devolução do mandato do ex-governador. Na época, Maria Lúcia disse que a devolução do mandato era dedicada ao povo acreano. “A devolução desse mandato não é para ele, pois ele está em um lugar muito bom, é para o povo. Pois foi o povo acreano que o elegeu e o colocou lá em cima com a esperança de que dele fizesse muita coisa boa pelo Acre. Mas, infelizmente, veio o golpe e não podemos fazer nada”, desabafou.

“Eu quis reparar um erro histórico”, disse Eduardo Farias, na justificativa do ato. O mesmo pretende fazer seu colega de partido, Edvaldo Magalhães, em relação aos deputados cassados. “Eu atendi uma sugestão do militante petista Abrahim Farhat e estamos estudando isso para darmos satisfações às famílias desses deputados cassados e também repararmos esse erro histórico”, disse Magalhães.

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