18 de abril de 2024

Carioca veio ao Acre em missão religiosa e se apaixonou pelo estado: “Não volto ao Rio nem a pau”

Ele é a simpatia em pessoa. Educado, sorridente, sempre disposto a cumprimentos e a atender os muitos clientes, transformados em verdadeiros amigos, da melhor forma possível, alia a ginga do carioca à simpatia do povo acreano, com o qual convive desde 1995. Aos 50 anos de idade, dois filhos acreanos de 10 e 16 anos e casado com a amazonense Maria de Vargas, de 53 anos, que conheceu em Rio Branco, ele é carioca de Saquarema, na região dos lagos fluminense, onde vive o pai de 83 anos e os sete irmãos, mas ele prefere o Acre e Rio Branco, por quem se diz apaixonado.

“Foi amor à primeira vista”, disse Ademar, que ganha a vida encarapitado numa bicicleta adaptada a um carrinho na qual percorre boa parte da cidade, diariamente, oferecendo seus produtos, de porta em porta. Vende verduras e frutas, principalmente bananas – de todos os tipos, a comprida e a de mesa. Os produtos, compra de atravessadores e os revende. Mesmo assim, consegue sustentar a família, já que a mulher convalesce de problemas na coluna e os filhos ainda não podem trabalhar. Ganha uma média de R$ 50,00 por dia, o que, segundo ele, dão “para comprar o arroz e o feijão”.

Ademar chegou ao Acre em 1995, em uma missão religiosa/Foto: ContilNet

O pai de Ademar, Celestino Siqueira dos Santos, de 83 anos, é pedreiro e, mesmo já aposentado, ainda trabalha lá no Rio, conta. “Pela vontade dele, eu viveria lá no Rio, num sítio que fica a 12 minutos do mar. De noite, de lá a gente ouve as ondas do mar batendo nas pedras. Depois que estou aqui no Acre, já voltei lá quatro vezes, de férias. Mas, quando lá chegava, minha vontade era de que as férias acabassem logo apara eu poder voltar ao meu Acre. Gosto demais disso aqui e das pessoas”, diz, rindo, como sempre, o mais acreano dos cariocas.

Diz que, quando volta ao Rio, tem medo da violência e até de andar nas ruas, mesmo em Saquarema, onde, segundo ele, falta trabalho e sobra o crime. “Aquilo lá me dá medo”, admite. “Não volto nem a pau”, diz, rindo.

Vendendo frutas em uma bicicleta adaptada, Ademar tira o sustento da família/Foto: ContilNet

Ele é testemunha de Jeová, membro do conselho de anciãos e conta que veio para o Acre em missão religiosa. E foi ficando até constituir família e descobrir que ele e o Acre são indissociáveis. A única coisa desconfortável que ele encontra na Amazônia, nas ruas de Rio Branco, é o sol, que o castiga mesmo que ele use um guarda-sol em tempo integral. “Mas o sol é de Deus”, diz, conformado e mostrando que, num mundo de tantas dificuldades e desumanidades, ainda é possível viver com paz interior entre as pessoas das quais gostamos. Grande, Ademar!

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