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Crendices da Sexta-feira “Santa” ainda são tradição entre os mais antigos

Por LAMLID NOBRE, DO CONTILNET

Muitas pessoas, especialmente os mais antigos cristãos católicos fiéis a tradição cristã, acreditam que na Sexta-feira “Santa”, como é conhecido popularmente o dia da Paixão e morte de Jesus Cristo, é um dia em que determinadas ações corriqueiras do cotidiano não podem ser feitas.

Varrer a casa, passar o pano no chão, lavar roupas, pentear cabelo, se olhar no espelho, falar “palavrões”, ouvir música, praticar sexo e mesmo tomar banho são coisas que não se pode fazer nesse dia, de acordo com as crendices que foram repassadas de pai e mãe para filhos e filhas ao longo das gerações de todos os séculos.

Cristãos mais antigos evitam fazer determinadas coisas na chamada Sexta-feira Santa/Foto: reprodução

A aposentada Leonice Santos, 67, por exemplo, acredita que neste dia é preciso se resguardar até mesmo de sair de casa. “A não ser que seja para a missa ou para a procissão, eu acho que se deve ficar quieto, guardar o dia. Se não for urgente, as coisas podem ficar para depois.”, disse ela relatando que quando criança sua mãe não permitia nem mesmo que tomassem banho a partir das 3 horas da tarde, pois é o horário que Cristo foi crucificado.

Já a professora Estelita Tolentino, 53, lembra que quando criança sua mãe não permitia que nem mesmo música se ouvisse. “Ela nos dizia que era uma dia de penitência. Que  tínhamos que abrir mão de coisas que nos dessem prazer para nos associarmos a dor e ao sofrimento e Cristo na cruz.”, destacou.

Atualmente, outros costumes se agregam na prática de guardar a Sexta-feira da Paixão como, por exemplo: assistir televisão, usar o computador e acessar as redes sociais durante todo o dia.

O jovem Jhon Nobre da Pastoral da Juventude Diocesana e da paróquia São Sebastião disse que o respeito aos costumes nesse período é necessário para que cada um reflita sobre seu papel como igreja. “É um dia de reflexão de ser presença no Reino de Deus na sociedade, fortalecendo a cidadania e o bem comum, em sinal de fraternidade.”, disse.

Tradição tem fundamento na história

O historiador Marcos Vinícius Neves explicou que o respeito às tradições cristãs remontam há mais de 2 mil anos e vem sendo reproduzidos entre as gerações no decorrer dos séculos.

“Com o passar do tempo as crenças e os costumes vão mudando e também variam de acordo com as regiões, mas muitas, certamente, vem desde a Idade Média, outras são do Iluminismo, outras chegaram da Revolução Industrial. Mas se formos pensar nisso em termos de temporalidade, cada época vai desenvolvendo suas tradições que vão deixando rastros para o tempos atuais de uma ou de outra maneira. Somado a isso, desde quando tudo aconteceu no Oriente Médio, existem os regionalismos. Existe um conjunto dessas crenças que são caracteristicamente brasileiras  e outras amazônicas. E é difícil definir porque tudo vem da tradição oral, da memória. Essas coisas da cultura popular são difíceis de se rastrear, mas não há risco em se dizer que são profundas e estão arraigadas na humanidade, pelo menos na parte da humanidade que é cristã.”, analisou.

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