Deputado aparece em vídeo quase chorando e diz que vai reassinar pedido de CPI da Energia

Página virada

O governador Gladson Cameli (Progressistas) surpreendeu a muita gente durante sua última coletiva à imprensa, na manhã de quarta-feira (10), no Palácio Rio Branco, ao falar de seus 100 dias de Governo. Ele anunciou, no meio da coletiva, que, ao contrário de seu antecessor, que processava e procurava desmoralizar jornalistas, mesmo ainda após deixar o governo, ele estava mandando retirar todos os processos judiciais contra profissionais de imprensa, incluindo o redator que vos escreve. Disse que foi à justiça no calor da campanha eleitoral e que, após a eleição, a antiga relação de confronto teria que acabar. “Para mim, isso é página virada”, acrescentou, ao afirmar que quer ter a imprensa como parceira, sem bajulação ou medo de represálias. “Podem criticar à vontade que, se tivermos errados, buscarei corrigir os erros”, acrescentou aos jornalistas.

Papel de estadista, de democrata na acepção do termo.

Sem confrontos

Na mesma coletiva, o vice-governador Wherles Rocha (PSDB) disse que jamais o Acre verá, neste governo, qualquer tipo de desavença ou confronto entre ele e o governador titular, como ocorria no passado e que deu no que deu, como todo mundo já sabe – caso do assassinato do governador Edmundo Pinto, em 1992, por exemplo. Disse que já assumiu o governo em diversas ocasiões mas afirmou, com o governador sentado a seu lado, que todas as decisões que tomou como governador em exercício do governo foi após consultar a Gladson Cameli.

O governador aquiesceu que sim, acenando com a cabeça.

Cadê o dinheiro?

Ainda na coletiva, Wherles Rocha revelou que uma de suas preocupações surgidas na última vez em que esteve no exercício do governo foi em relação ao BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, cuja nova direção está cobrando do governo do Acre o sumiço de R$ 100 milhões. De acordo com o vice-governador, ao cobrar o governo acreano, o BNDES disse que o dinheiro foi tomado no governo anterior por empréstimo junto ao Banco para ser aplicado em obras e, ao final, nem obras, nem dinheiro e tampouco pagamento.

“Nós iremos atrás desses recursos e dos responsáveis pelo sumiço”, disse Rocha.

Profissionalismo

Sobre a mesma coletiva em relação aos cem dias de governo, o que se viu, para os jornalistas, foi muito profissionalismo e respeito à categoria por parte da assessoria de comunicação do governador Gladson Cameli, nas pessoas da secretária Silvânia Pinheiro, da porta-voz Mirla Miranda e da assessora Nayara Lessa, além do assessor de cerimonial Elves Araruna. Foram amáveis sem bajulação e profissionais respeitosos com os colegas, mesmo em relação àqueles – como eu – que na campanha bateram duro nos atuais governantes.

Democracia é isso.

Pressão em Feijó

Quem não deve ter um fim de semana dos mais agradáveis caso retornem às suas bases são os deputados Cadimiel Bonfim (PSDB) e Marcos Cavalcante (PTB), ambos eleitos por Feijó. Desde a tarda de quarta-feira (10), quando foram divulgadas as primeiras informações de que eles retiram seus nomes – ao lado de mais sete colegas – do requerimento que propunha a criação da CPI da Energisa ou do ICMS, como acusa o líder do governo, deputado Gerlen Diniz (Progressistas), muita gente de Feijó, a base eleitoral dos dois deputados, começaram a se organizar a fim de pressionar os parlamentares a voltarem atrás – ou seja, renunciarem a renúncia de assinatura no requerimento da CPI.

Vai ter.

Caldeirão

A propósito desta proposta de CPI, a próxima sessão deliberativa da Assembleia Legislativa, na próxima terça-feira, dia 16, vai ser uma das mais movimentadas do ano. Desde a última quarta-feira, o movimento comunitário da cidade está se organizando – e até de alguns municípios mais próximos – para irem à Assembleia na terça. A ideia é pressionar os deputados da base de sustentação ao governo para que eles não retirem de vez os seus nomes do requerimento para a criação da CPI. Por trás da articulação para lotar a Assembleia de populares está o PC do B, através dos deputados Edvaldo Magalhães e Jenilson Leite, o autor do requerimento, com o apoio aberto da bancada do PT, através de Jonas Lima e Daniel Zen.

Vai ser um caldeirão a sessão.

Vídeo do arrependimento

Como resultado da pressão que vem sofrendo, na manhã desta quinta-feira (11) o deputado Cadimiel Bonfim gravou um vídeo e mandou postar em seus grupos de redes sociais anunciando que estava mais uma vez voltando atrás em relação à proposta da CPI. Disse que retirou seu nome do requerimento a pedido do governador Gladson Cameli mas que não se sentiu à vontade. “Não me senti bem e nem dormir direito e por isso estou mais uma vez voltando atrás em relação à CPI, para ficar em paz comigo mesmo, com minha família, com meus eleitores e com Deus”, disse. “Vou assinar de novo a CPI”, disse o deputado, visivelmente emocionado, quase indo às lágrimas.

Enquadrado

A propósito do deputado Jonas Lima, petista que tem faltado às sessões nos últimos dias e que não estava na Assembleia no dia em que seus colegas retiram seus nomes do requerimento de criação da CPI da Energia – Energisa ou do ICMS -, ele é dado como voto certo a favor do governo nesta questão. Os deputados governistas contam com o apoio do petista dada às ligações pessoais que ele tem com o governador Gladson Cameli por ser do Juruá, mais precisamente de Cruzeiro do Sul, cujas famílias são amigas e até fazem negócios entre si.

O PT, portanto, deve fechar questão no caso e se o deputado votar contra, terá problemas internos.

Acabaram-se as dúvidas

Ainda sobre a questão da criação ou não da CPI, se havia alguma dúvida sobre o deputado Luis Tchê (PDT) sobre se ele é da base ou não do governo, basta olhar como ele votou e como se comportou em relação ao requerimento de Jenilson Leite.

Fez questão de ser um dos primeiros a assinar a desistência em levar o pedido de CPI à frente.

Foice no escuro I

O clima é de guerra, de briga de foice no escuro dentro do diretório regional do PSL entre os membros da executiva. O presidente regional, empresário Pedro Valério, está com a cabeça a prêmio. Ele está sendo entregue ao diretório nacional numa carta aberta assinada pelo vice-presidente regional, Fernando Lage, e pelo secretário geral, Tião Boalom, além de dois vogais e do ex-candidato ao Senado, Paulo Pedrazza. O motivo da carta foi a decisão de Valério, tomada na última quarta-feira (10), para impedir a realização de uma reunião na qual o partido deveria decidir se adere ou não ao governo de Gladson Casmeli.

Foice no escuro II

A ideia de adesão é defendida abertamente por Bocalom sob o argumento de que Gladson Cameli lidera uma bancada de três senadores e de sete deputados federais favoráveis às reformas propostas no Congresso Nacional pelo governo Bolsonaro e de que o então candidato a governador ajudou a fazer com que o Acre desse ao presidente a maior votação proporcional do país, nas eleições de 2018.  Valério desfez a reunião com base no estatuto do partido, acusou Bocalom de ter extrapolado suas funções e diz que o PSL não tem interesse em fazer parte do governo. Para ele, é Tião Bocalom que está à procura de emprego e quer levar o partido para o governo. Daí a reação através da carta aberta, que pede a intervenção do diretório nacional no diretório regional.

Registre-se que o coronel Ulysses Araújo, candidato a governador, não assina a missiva.

Trabalho aos 12 anos

Por falar em PSL na Câmara dos Deputados, em Brasília, Delegado Waldir (GO), está defendendo que adolescentes possam trabalhar a partir de 12 anos. O deputado vê a medida como solução para reduzir as taxas de mortalidade entre jovens e manifestou isso durante audiência com a ministra Damares Alves, da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, na Câmara. O deputado diz que, com o trabalho, muitas mortes de adolescentes seriam evitadas.

 O deputado não explicou como funcionaria o sistema no qual adolescente entraria para o mercado de trabalho.

Prorrogação

Também de Brasília chega a informação de que uma das decisões a serem apresentadas à sociedade e, principalmente, ao Congresso Nacional, como resultado da última Marcha dos Prefeitos a Brasília, será a proposta de prorrogação de seus mandatos até 2022. O argumento deles é a defesa da unificação das eleições municipais com as estaduais e só assim haver eleições de fato gerais no país, junto com presidente da República, governador, senador, deputado federal, governador, deputado estadual, prefeito e vereador.

Briga em Feijó

Outra briga de foice está sendo registrada nos bastidores da política no município de Feijó. Num vídeo publicado nas redes sociais, o presidente da Câmara de Vereadores, Cleomar Cabeludo (PSDB), aquele que assinou o contrato para a compra de R$ 56 mil só em papel higiênico (muito mais que material de expediente para o funcionamento da Câmara até ao final do ano), como uma espécie de comissário do povo, persegue, pelas ruas do município, à noite, num domingo, um carro do Imac (Instituto de Meio Ambiente do Acre), dirigido pelo chefe local do órgão, ex-vereador Mario Célio. Cabeludo aborda o dirigente, o questiona pelo uso do veículo num domingo e ainda mais à noite. No vídeo, o vereador diz (embora as imagens não mostrem isso) que seguiria o veículo do Imac desde o ginásio de esportes da cidade onde Mario Célio teria ido pegar a esposa, em carro oficial.

Assen vai apurar

Ainda no mesmo vídeo, Mário Célio se defende dizendo que estava vindo de um trabalho de fiscalização na BR-364. Os dois batem boca na frente da casa do chefe do Imac, quando ele vai guardar o carro na garagem.

Em Rio Branco, o diretor-presidente do Imac, André Assem, disse ter recebido o vídeo e que vai mandar apurar o caso. Mas, aparentemente, disse ele, Mário Célio não mente quando diz que estava a trabalho.

 Vingança

Registre-se que Mário Célio e o vereador Cabeludo foram coordenadores da campanha do governador Gladson Cameli em Feijó. A reação do vereador contra o antigo aliado seria em respostas à notícia, divulgada inicialmente aqui pelo ContilNet, de que sua administração estaria comprando papel higiênico em excesso, cuja informação ele atribui como sendo original do prefeito Kiefer Cavalcante de seus auxiliares, o que não corresponde a verdade. Como Mário Célio é aliado do prefeito, eis a vingança.

Boa tacada

Ao que tudo indica, o presidente Jair Bolsonaro acaba de dar a primeira tacada segura, em termos de popularidade, no jogo de bilhar em que é também a presidência da República: anunciou que seu governo vai pagar o Décimo terceiro Salário do Bolsa Família. A declaração vai ser feita no Nordeste.

PUBLICIDADE