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Diagnosticado com autismo aos 18 anos, empreendedor fala sobre desafios frente ao “jeito diferente de ser”

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

O estudante, assessor de imprensa, profissional em marketing digital e empreendedor, Rodrigo Cavalcante, 22 anos, contou à reportagem do ContilNet sua experiência com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) – diagnóstico que recebeu aos 18 anos.

Rodrigo explicou que a sua infância e parte da adolescência foram atravessadas por alguns comportamentos incomuns, como agitação psicomotora, movimentações padronizadas (o que os especialistas chamam de estereotipias), sensibilidade considerável à luz e aos sons, além de comprometimento da fala e da escrita.

“Que o respeito e o amor prevaleçam”, disse Rodrigo/Foto: ContilNet

“Eu não sabia escrever direito, batia a cabeça frequentemente na parede e tinha dificuldade para socializar com outras crianças. Não entendia o que era aquilo e isso me deixava muito angustiado”, comentou.

Ainda sem identificar o que acontecia, aos 17 anos, Rodrigo foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). “Um ano depois, veio o autismo. Comecei os tratamentos e acompanhamentos terapêuticos”, relatou.

Cavalcante contou também que precisou aprender a fazer muitas coisas que uma pessoa sem o transtorno faria sem muitas dificuldades, como aprender a sentar, conversar, entender as expressões faciais alheias e compreender o que era dito pelas pessoas.

“Foi um momento um pouco difícil, porque ainda existiam, muito fortemente, os estereótipos sobre a pessoa autista, principalmente, sobre capacidade. Eu não era compreendido e, por isso, dificilmente tinha oportunidades para fazer diferente”, enfatizou.

Após o tratamento e estudos pessoais sobre o quadro clínico, o empreendedor considera que sua vida mudou significativamente: “Eu passei a ir para a terapia, onde fui auxiliado por um profissional. Comecei também a estudar sobre o comportamento humano, expressões faciais e sobre ironias. Como sintoma do autismo, existe a dificuldade de entender as mensagens que existem por trás da ironia. Demorei para compreender o que as pessoas queriam me dizer, mas não usavam de uma linguagem clara para isso”.

Rodrigo tem 22 anos/Foto: arquivo pessoal

Ao ser interrogado sobre viver com o transtorno e vencer as dificuldades inerentes ao autismo, disse que mais do que uma disfunção, a condição é uma forma diferente de enxergar o mundo.

“Eu gostaria que entendessem que nós temos capacidades e potencialidades. Só precisamos ser acolhidos dentro da nossa forma de enxergar o mundo, que é diferente, mas não é doentia. Equivocadamente, alguns pensam que não sentimos, mas nós amamos, temos afeto, queremos dar carinho, mesmo às vezes não sabendo como fazer. Basta olhar com respeito e com o coração”, frisou.

Ao final da entrevista, Rodrigo disse: “A conscientização é um passo importante para que as pessoas entendam sobre essa forma diferente de viver e, mais do que isso, necessária para que percebamos que embora existam as classificações, todos nós, temos as nossas diferenças. Que o respeito e o amor prevaleçam”.

Mês Azul – Conscientização do Autismo

Com o intuito de ampliar os conhecimentos acerca do autismo, a campanha Abril Azul foi proposta em 2007. Ela visa combater o preconceito e até mesmo aumentar o engajamento de autoridades com a causa.

Dessa forma, durante o mês de abril é comum encontramos mais notícias e informações relacionadas ao assunto. Além disso, eventos e iniciativas focadas no TEA são frequentes nesta época em todo o Brasil.

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