Como qualquer boa briga que se preze, a confusão interna no PSL regional, envolvendo o grupo do presidente Pedro Valério de Araújo e o de Tião Bocalom, acabou na polícia Na manhã desta sexta-feira (12), acompanhado do advogado, Armison Lee, Valério esteve na Delegacia de Polícia do 4. Distrito, no bairro do Bosque, para registrar queixa-crime contra Bocalom pelos crimes de injúria, difamação, calúnia e fraude. O dirigente também disse que vai pedir a expulsão de Bocalom do PSL porque ele seria indigno de pertencer à agremiação partidária.
O PSL é o partido pelo qual se elegeu o presidente Jair Bolsonaro e detentor das maiores bancadas no Congresso Nacional e tanto lá como aqui os seus integrantes vêm brigando entre si.
A briga no Acre gira em torno da adesão ou não ao governo de Gladson Cameli. Bocalom é a favor da adesão e estaria inclusive disposto a aceitar cargos de secretário ou assessor em troca do apoio do partido. Valério é contra a adesão, mesmo que cargos sejam oferecidos, e por isso estaria sendo vítima de armadilhas feitas por Bocalom na tentativa de desmoralizá-lo e retirã-lo da presidência e assim poder levar o PSL para o colo de Caneli, afirmou..
De acordo com Valério, a armadilha de Bocalom foi feita a partir de um áudio de uma conversa sua com um assessor do ex-candidato de nome Walter José, o “Waltinho”, na última quarta-feira. Segundo ele, o áudio foi editado por Bocalom de forma a passar a ideia de que Valério também estava interessados em cargos no governo. “Eu tenho o áudio original aqui. É um áudio de mais de três minutos no qual eu digo ao emissário do Bocalom, de nome Waltinho, que o PSL só deve ir para o governo do Gladson Cameli se for convidado e ir de uma forma republicana, sem barganhar cargos, apenas para ajudar a governar e a melhorar o Estado”, disse Valério, exibindo o áudio original. “Editado, com apenas 11 segundos do original, o áudio foi mostrado por Bocalom como se eu dissesse que o PSL só deveria ir para o governo se tivesse cargo. Isso é uma fraude. Por isso, quero que o senhor Bocalom e seu assessor sejam processados na forma da lei”, disse Valério.
Tudo começou com uma convocação feita por Bocalom, na semana passada, para uma reunião extraordinária da executiva do Partido, para decidir o desembarque no governo Gladson Cameli. A executiva é formada por 11 membros e mais o líder da bancada na Assembleia Legislativa, o deputado Wendy Lima. Pedro Valério disse que as assinaturas dos membros da executiva para a convocação da reunião foram obtidas de forma também fraudulenta. “Ele mandou um assessor, na condição de secretário, recolher as assinaturas das pessoas sem especificar exatamente qual era a finalidade da reunião. Quando eu esclareci do que se tratava, muitas pessoas que já haviam assinado disseram ter sido enganadas”, disse Valério.
Ao saber da convocação de Bocalom, Valério afirmou que as convocações de reuniões extraordinárias são prerrogativas do presidente e que ele não poderia participar porque estava viajando em Tarauacá. “Também não assinaria porque não concordo com a finalidade e mandei dissolver a reunião”, disse Valério. “Ele está doido por um cargo no governo e queria levar o PSL de troco para o governador”, acrescentou.
O troco de Bocalom veio no áudio que o presidente agora diz ter sido fraudado. Ele ofereceu às gravações à polícia e registrou a queixa através da qual quer ver o colega de partido indiciado. “Um homem que se comporta desta forma, sempre em busca de interesses próprios, não pode fazer parte da política nem tampouco de um partido, como o PSL, que elegeu o presidente da República defendendo uma nova política para o país”, Disse.
De acordo com Valério, as trombadas entre ele e o grupo de Bocalom começaram porque o ex-candidato está, segundo ele, desempregado e precisando de dinheiro e desde então passou a correr atrás de cargos junto ao governador Gladson Cameli. “O que eu tenho dito é que se o PSL for parta o Governo, deve ir para ajudar governar sem a necessidade de ocupar secretarias ou outros órgãos. O que o Bocalom quer é um espaço especial para resolver seus problemas financeiros e com isso eu não concordo”, afirmou. “O outro problema é que ele percebeu que eu não deixaria de apoiar o coronel Ulysses para apoiar o nome dele para disputar a Prefeitura de Rio Branco no próximo ano. Eu não posso apoiar um candidato que vem de cinco derrotas consecutivas, porque isso seria o fim do nosso partido porque fatalmente ele perderia de novo”, disse.
O outro lado
Procurado pela reportagem do ContilNet para oferecer sua versão, Tião Bocalom não não foi encontrado. Nem ele nem seu assessor de nome Waltinho. O número de telefone celular atribuído ao ex-candidato, de final 025, não atendeu às chamadas do repórter.