Número de mortos nos ataques no Sri Lanka sobe para 290

O número de mortos nos atentados de domingo de Páscoa no Sri Lanka subiu para 290, informou a polícia nesta segunda-feira (22). Cerca de 500 pessoas ficaram feridas nos ataques que atingiram três igrejas e quatro hotéis no domingo de Páscoa. O governo decretou estado de emergência a partir da meia-noite (15h30 de Brasília).

O porta-voz do governo, Rajitha Senaratne, afirmou que, 14 dias antes dos ataques, relatórios do serviço de inteligência indicavam que eles ocorreriam. Porém, ele ressaltou que o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, e seu gabinete não estavam a par dessas informações.

Serviço de segurança inspeciona no interior da igreja de São Sebastião, em Negombo, nesta segunda-feira (22). Ela foi um dos alvos dos ataques ocorridos no domingo de Páscoa, no Sri Lanka  — Foto: Joia Samad / AFP

Serviço de segurança inspeciona no interior da igreja de São Sebastião, em Negombo, nesta segunda-feira (22)/Foto: Reprodução

“Não estamos tentando fugir da responsabilidade, mas esses são os fatos. Ficamos surpresos ao ver esses relatórios”, declarou, segundo o jornal britânico “The Guardian”.

Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques, mas o governo atribui as ações ao grupo islâmico National Thowheeth Jama’ath (NTJ). As autoridades acreditam que os ataques tenham sido realizados com a ajuda estrangeira, por isso, vai pedir ajuda externa para rastrear as ligações internacionais.

As investigações continuam e, até o momento, 24 pessoas foram detidas.

Mãe chora durante velório de filha de 13 anos, que foi vítima da série de ataques ocorrido no Sri Lanka no domingo de Páscoa   — Foto: Athit Perawongmetha/ Reuters

Mãe chora durante velório de filha de 13 anos, que foi vítima da série de ataques ocorrido no Sri Lanka no domingo de Páscoa/Foto: Athit Perawongmetha

Nesta segunda-feira, a polícia encontrou 87 detonadores de bombas na principal estação rodoviária da capital do Sri Lanka, Colombo, e a uma van explodiu perto de uma das igrejas que já tinha sido alvo de ataque no domingo. O incidente ocorreu enquanto o esquadrão antibombas trabalhava para desativar o artefato explosivo. Ninguém ficou ferido.

O presidente Maithripala Sirisena, que estava no exterior quando os ataques aconteceram, declarou estado de emergência no país. A medida concede à polícia e aos militares amplos poderes para deter e interrogar sem ordem judicial.

O governo do Sri Lanka ainda decretou um dia de luto nacional nesta terça-feira. O país não registrava um cenário de tamanha violência desde o fim da guerra civil há 10 anos.

Igreja de São Sebastião, atingida por explosões em Negombo, no norte de Colombo, no Sri Lanka — Foto: Chamila Karunarathne/AP

Igreja de São Sebastião, atingida por explosões em Negombo, no norte de Colombo, no Sri Lanka/Foto: Chamila Karunarathne

Vítimas

A polícia não divulgou uma lista de vítimas, mas a grande maioria é de cidadãos do Sri Lanka.

O ministro do Turismo, John Amaratunga, afirmou que pelo menos 39 estrangeiros estão entre os mortos e 28 receberam atendimento hospitalar após os ataques.

A imprensa internacional já relatou a morte de cinco britânicos (incluindo um anglo-americano), um português, seis indianos, dois turcos, dois chineses, dois australianos, um holandês e um japonês.

Entre mortos, estão três dos quatro filhos do bilionário dinamarquês Anders Holch Povlsen, dono do grupo de moda Bestseller e acionista majoritário da marca ASOS. Segundo a imprensa dinamarquesa, ele, sua esposa Anne Holch Povlsen e seus quatro filhos estavam de férias no Sri Lanka.

Pessoas mortas após atentado em igreja de Santo Antônio em Colombo, Sri Lanka, neste domingo (21). — Foto: AFP

Pessoas mortas após atentado em igreja de Santo Antônio em Colombo, Sri Lanka, neste domingo (21)/Foto: AFP

Ataques

Oito explosões foram registradas na capital do Sri Lanka, Colombo, e nas regiões de Katana e Batticaloa por volta das 8h45 (0h15, no horário de Brasília) de domingo (21).

Entre os alvos estavam três igrejas, onde aconteciam as missas da Páscoa. Os hotéis cinco-estrelas Shangri-La, Kingsbury, Cinnamon Grand e um quarto hotel, todos em Colombo, também foram atingidos. Uma explosão ainda foi registrada em um complexo de casas.

Autoridades dizem que a maioria das explosões foram ataques suicidas e temem que por trás dos ataques estejam militantes do Estado Islâmico que retornaram do Oriente Médio.

Ainda no domingo, a Força Aérea do país disse ter encontrado mais um explosivo caseiro, que foi removido, em uma área próxima ao principal aeroporto de Colombo.

Horas mais tarde, outras duas explosões ocorreram durante buscas da polícia por suspeitos: uma perto do zoológico, no sul de Colombo, e outra no distrito de Dematagoda, que deixaram três policiais mortos.

 — Foto: Rodrigo Cunha/G1

Bloqueio de redes sociais

O governo do Sri Lanka bloqueou o uso de redes sociais após os ataques. Estão fora do ar Facebook, WhatsApp, Instagram, YouTube, Viber, Snapchat e Facebook Messenger, de acordo com a rede de monitoramento NetBlocks.

Autoridades disseram no domingo (21) que iriam bloquear temporariamente as redes para evitar a disseminação de notícias falsas e acalmar tensões durante o período de investigações. Elas temem que boatos alimentem discursos de ódio e gerem mais violência.

O governo também impôs um toque de recolher das 18h às 6h (horário local).

Segundo a Netblocks, esta não é a primeira vez que o governo do Sri Lanka bloqueia redes sociais, o que aconteceu também durante episódios de violência registrados em março de 2018.

Ainda de acordo com a empresa, muitas pessoas reclamam porque, sem acesso às redes, não conseguem obter informações sobre parentes e amigos para saber se estes estão bem após os ataques.

Ivan Sigal, diretor executivo do Global Voices, uma organização de advocacia digital e jornalismo ouvido pelo “New York Times”, ressalta que o bloqueio não é totalmente efetivo porque as pessoas podem usar redes privadas virtuais (VPNs, na sigla em inglês) para burlar a proibição.

Mas, ainda de acordo com Sigal, os cidadãos mais pobres, justamente aqueles que mais dependem das redes sociais para se comunicar com familiares à distância, não têm acesso fácil às VPNs e serão os mais prejudicados pelo bloqueio.

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