A fome vem castigando milhares de acreanos. Maioria deles são desempregados que amanhecem o dia sem ter o que comer, e assistem seus filhos sofrerem pela falta de alimento.
Uma cena triste chamou atenção da reportagem do ContilNet neste Domingo de Páscoa (21). Enquanto muitos comemoravam a data em suas mesas fartas, e distribuíam ovos de páscoa, cerca de 15 pessoas, entre homens, mulheres e crianças catavam comida no lixão da Prefeitura de Sena Madureira.
Pai de 8 filhos, o ex-seringueiro Matheus, de 53 anos, disse ao ContilNet que está desempregado desde que saiu da zona rural e foi morar na cidade. “Me viro roçando quintal e fazendo outros tipos de serviço. Nunca tive a sorte de conseguir um emprego”, lamenta.
Ele disse que estava no lixão catando alguma coisa para comer e levar para os filhos. “Estou atrás de comida, estou com fome. Também preciso alimentar meus filhos”, disse.
Outros catadores de lixo se esconderam no mato ao verem a chegada da reportagem. As crianças com idade entre 4 e 8 anos, entraram no matagal junto com alguns indígenas, mas pelo menos oito mulheres continuaram catando comida e objetos no lixão.
Entrevistado pela nossa reportagem, o prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim (MDB), disse que para mudar a triste realidade da fome e do desemprego, tem que haver uma ação conjunta entre vários setores da sociedade, inclusive a presença do governo do estado, que precisa dar incentivo aos empresários para que eles possam instalar suas empresas no municípios e assim gerar emprego e renda.
“Se proibir que países como a Bolívia leve a nossa castanha, e deixar que este produto seja beneficiado aqui no estado, só a minha indústria poderá gerar 250 empregos. A Bolívia entra aqui (no Acre), leva a nossa matéria prima e não deixa uma carteira assinada para ninguém”, explica.
“O governo do estado precisa enxergar isso, ele tem que convidar as empresas bolivianas para se instalar aqui, não deixar levarem a nossa matéria prima”, emenda.
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Sobre o lixão
Mazinho Serafim disse que não tem como impedir que as pessoas continuem catando comida no lixão da cidade, principalmente os indígenas, que segundo ele, não obedecem a ninguém. Ao ser informado que o local está sem vigia, o prefeito assegurou que já falou com seu secretário de Urbanismo, Milton Pinheiro, para que ele contrate duas pessoas para cuidar da segurança do local.
Mazinho criticou a Funai, que segundo ele, não cuida dos povos indígenas. “Quem tem que cuidar disso é a Funai”, disse.
O prefeito falou de um projeto que inclui uma grande oca para abrigar os indígenas, inclusive com divisórias onde eles possam expor e vender seus artesanatos. Mas disse que precisa de dinheiro para executar o que tem hoje apenas no papel.
Sobre a construção de um aterro sanitário para o município, Serafim disse que esta é uma obra que custa em torno de 6 milhões de reais, e que a prefeitura não tem recurso suficiente.