O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), acaba de conseguir uma adesão acreana a sua causa de confronto ao acordo dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump (dos EUA) para a cessão do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizada na grande São Luís, para a utilização, pelo governo norte-americano, de lançamento de foguetes e outros os testes do Veículo Lançador de Satélites (VLS). Trata-se da deputada federal Perpétua Almeida, do mesmo partido do governador, que deve pedir ao Congresso Nacional que apoie Flaviano Dino na resistência de ocupação americana à base.
A ocupação foi decidida em acordo firmado por Bolsonaro e Trump na primeira visita oficial do presidente brasileiro aos Estados Unidos, em março. De acordo com o governador e a deputada, os Estados Unidos serão beneficiados sem que o Brasil tenha qualquer tipo de retorno e ainda tenha violado seus princípios de soberania nacional.
Perpétua Almeida lembrou que o acordo entre Bolsonaro e Trump carece de aprovação do Congresso Nacional e disse que a oposição ao presidente vai se mobilizar para impor uma derrota ao governo, a exemplo do que ocorreu há 20 anos, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. FHC e então presidente George W. Busch firmaram o acordo para a ocupação mas o Congreso não chancelou a ideia. “É isso que nós queremos que aconteça novamente”, disse Perpétua Almeida.
Inaugurada em março de 1983, a base tem por finalidade proporcionar apoio logístico e de infraestrutura local, assim como garantir segurança à realização dos trabalhos a serem desenvolvidos na área do futuro centro espacial no Brasil. Foi criada como alternativa ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado no estado do Rio Grande do Norte, pois o crescimento urbano em seus arredores não permitia ampliações da base.
Perpétua Almeida disse que o governador Flavio Dino está coberto de razões ao se colocar contra o governo porque o interesse dos EUA é apenas devido à proximidade da base com a linha do equador. “Isso faz com que o consumo de combustível para o lançamento de satélites seja menor em comparação com bases em latitudes maiores”, disse a deputada.
No âmbito do mercado das missões espaciais internacionais, a base de Alâcantara se tornará o único concorrente do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. A proximidade da base com a linha do equador (2 graus e 18 minutos de latitude sul) faz com que a velocidade de rotação da Terra na altura do Equador auxilie o impulso dos lançadores e assim favorece a economia do propelente utilizado nos foguetes sendo estimada uma economia em até 30 % de combustível. “É nisso que os americanos estão interessados e o Brasil não pode entregar sua soberania de mão beijada, sem nada em troca”, acrescentou a deputada.