Sobe para quatro o número de mortos em chacina no Sul de Lábrea, na divisa com o Acre

Já são quatro os mortos na chacina ocorrida no último sábado (30 de março), no seringal São Domingos, localizado no Ramal da Torre, no Sul de Lábrea (AM), divisa com o município de Acrelândia (AC). O primeiro homicídio confirmado foi o de um acreano conhecido por Nemes. A morte comoveu e revoltou a própria comunidade.

Cerca de 40 famílias foram surpreendidas na ocasião com a chegada de jagunços fortemente armados de rifles, espingardas e revólveres calibre 38, e se viram obrigadas a deixar tudo para salvar as próprias vidas. Segundo outros dois posseiros, há pessoas feridas desaparecidas dentro da mata.

“Eles chegaram dizendo que pra viver a gente teria que deixar tudo e sair com a roupa do corpo”, relata um deles. Vários implementos agrícolas, máquinas pesadas e veículos foram abandonados no local.

O corpo de Nemes foi resgatado por homens da própria comunidade, devido à demora da polícia acreana em entrar na região. A vítima foi alvejada enquanto tentava salvar alguns pertences. A moradia foi incendiada pelos jagunços. O corpo foi trazido para o IML de Rio Branco.

A região tem sido alvo de violentas investidas de grileiros desde 2014. A polícia deve apurar de quem partiu a ordem de expulsar as famílias. O Incra e o Ministério Público são criticados pelos posseiros por suposta omissão e pela demora na emissão dos títulos fundiários.

Corpo de uma das vítimas foi resgatado por moradores do seringal/foto: acjornal

Cerca de 150 homens decidiram fazer buscas pelas outras famílias expulsas de suas casas. Na região, 80% dos posseiros são acreanos, com domicílio eleitoral em Acrelândia.

Após 24 horas de buscas, três corpos teriam sido encontrados na floresta. Todas as vítimas tinham perfurações a bala e eram conhecidas da comunidade.

A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre, Rosana Nascimento, esteve na região na tentativa de convencer o Incra do Amazonas a apressar a emissão dos títulos da terra, à época em que a chacina foi anunciada.

Segundo ela, os representantes do órgão federal se comprometeram a agilizar a emissão do documento, o que não ocorreu.

Rosana afirma que esse tipo de violência decorre da morosidade do Incra. Ela denuncia que o governo federal enviou recursos para que se fizesse o levantamento de cada lote de terra existente na região, mas a direção do órgão não teve responsabilidade suficiente para executar o trabalho.

De acordo com a presidente da CUT-AC, enquanto os servidores do Incra abusam das diárias, nenhum resultado é apresentado.

O superintendente do Incra no Amazonas, João Jornada, não se mostrou preocupado com as consequências da chacina ocorrida no último sábado.

Procurado por um radialista de Lábrea, João Jornada reagiu com frieza aos apelos feitos em nome dos posseiros. Sua resposta foi que nada poderia fazer.

Com informações e imagens do site acjornal

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