Brasileiro cria projeto para salvar maior peixe da Amazônia de risco de extinção

Com uma dieta a base de peixes, a pesca é fundamental para alimentação local das populações ribeirinhas na Amazônia. No entanto, a caça descontrolada não só coloca em risco as espécies, mas também afeta a economia da região. João Campos-Silva encontrou no Pirarucu a oportunidade de resolver esses dois problemas. Ele é o único brasileiro finalista do Rolex Awards for Enterprise 2019 (Prêmio para Empresas da Rolex). A votação é online e pode ser feita até o dia 12 de junho pelo site.

Há 11 anos na Amazônia, o ecologista criou em 2010, pelo Instituto Juruá, um modelo de manejo do maior peixe de água doce do Brasil, com investimento inicial de pouco mais de R$ 1 milhão. O Pirarucu pode chegar a pesar 200 kg. Pelo projeto, ele quer recuperar a espécie não só do risco de extinção, mas, ao mesmo tempo, melhorar a vida das comunidades.

O ecologista criou em 2010, pelo Instituto Juruá, um modelo de manejo do maior peixe de água doce do Brasil/Foto: Reprodução

“O manejo do pirarucu se tornou um tema muito importante em minha vida, pois é uma oportunidade concreta de conciliar a conservação da biodiversidade com os problemas sociais, tão comuns em nosso país”, diz Campos-Silva a Época NEGÓCIOS.

Em 2004, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) criou uma Instrução Normativa para regulamentar a pesca do Pirarucu na Amazônia. Pelas normas, é proibido a caça em alguns meses do ano e estabelece quantidades mínimas de pesca e comercialização da espécie.

Junto a comunidades rurais, associações locais, governo, ONGS e instituições de pesquisas, o projeto de recuperação do Pirarucu criado por João é feito a partir da construção de casas de madeira sobre as águas para proibir a pesca nos lagos que se ligam ao Rio Juruá, na região oeste da Amazônia. Depois dessa medida, João explica que o Ibama libera uma quota de até 30% de abate. O que proporciona as comunidades o direito de pescar o Pirarucu e vendê-lo nos mercados locais e regionais.

“A proteção desses ambientes proporciona que os peixes se reproduzam e dispersem para novos ambientes na época das águas altas”, explica. Segundo João, em oito anos o manejo do peixe multiplicou por 30 o número de Pirarucu e aumentou em 425% outras populações selvagens. Algumas das espécies que indiretamente também foram recuperadas da extinção foram peixe-boi, ariranha, tartaruga-da-Amazônia e jacaré-açu.

“A renda proveniente do manejo tem contribuído com a melhoria da infraestrutura das comunidades, acesso à saúde, segurança alimentar e aumento da autoestima da população ribeirinha”, diz.

O ecologista pretende extender essa experiência ao longo dos 2 mil km do Rio Juruá, atingindo cerca de 100 comunidades. De acordo com ele, ainda beneficiará direta e indiretamente milhares de pessoas da região. A meta é de, em três anos, quadriplicar o número do Pirarucu.

“Nosso objetivo é consolidar um grande modelo de desenvolvimento local e conservação da biodiversidade que possa inspirar a sociedade e o governo a aplicá-lo como políticas públicas em outras bacias hidrográficas na Amazônia”, afirma Campos-Silva.

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