O prédio da Câmara Municipal de Rio Branco, no Segundo Distrito da cidade, será pequeno para o tamanho da confusão que está sendo desenhada para ocorrer no local na próxima segunda-feira (20). Seguranças, estudantes e vereadores devem se enfrentar num protesto ocasionado por declarações de N. Lima (PSL), criticando a ocupação do campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) em protesto aos cortes anunciados para a instituição pelo Ministério da Educação, na última quarta-feira (15).
Militar reformado, como tenente da Polícia Militar do Acre (PMAC), assim como o presidente Jair Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, o vereador N. Lima não é apenas mais um partidário do PSL ou do governo federal. Na Câmara Municipal, é uma espécie de porta-voz em miniatura de tudo o que Bolsonaro defende no país. Por isso, o anúncio de cortes no orçamento das universidades e institutos federais do país, incluindo a Ufac, feito pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, na ordem de 30%, encontrou em N. Lima um aliado, inclusive para as justificativas para a redução.
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O ministro disse que o dinheiro destinado à educação superior federal seria remanejado para a educação básica, porque, segundo ele, as universidades federais seriam locais de “balbúrdia”, substantivo feminino para designar desordem, algazarra, tumulto, entre outras coisas do gênero. Foi o suficiente para que o vereador entrasse no debate no seu linguajar de militar truculento e pouco afeito aos princípio basilares da educação. “São um bando de maconheiros. Eu soube que lá mesmo na Ufac os alunos plantam maconha para consumirem”, disse, da tribuna da Câmara.
“Ele vai ter que provar o que disse”, afirmou o presidente do DCE, Richard Brilhante, que promete lotar as galerias da Câmara Municipal de estudantes, na segunda-feira. “O vereador, pelo jeito, não sabe nem como funciona uma universidade. Lá pode até ser que tenha alunos que usem maconha e sejam defensores disso. É um local de democracia, de debates, mas isso não significa que os estudantes possam desafiar a lei plantando maconha para uso próprio. O vereador faltou com a verdade e nós vamos cobrar isso dele, inclusive judicialmente”, disse o líder estudantil.