Os homens, geralmente jovens, que chegam de moto, protegidos pelo uso capacete como máscaras, e o da garupa saca armas, atira e mata pessoas, numa guerra que este ano já vitimou mais de cem pessoas, tanto na Capital como no interior do Acre, são apenas executores de crimes cometidos a mando de superiores que decretam essas mortes. São soldados do crime, na definição do novo secretário de Polícia Civil do Estado, delegado Henrique Maciel, que assumiu o cargo na manhã desta terça-feira (7) já com os primeiros levantamentos para subsidiar às ações a serem deflagradas em busca de redução de índices dos crimes e a devolução à sociedade de um mínimo de sensação de paz.
Para isso, entretanto, além de prender os criminosos, os executores das mortes, “é preciso identificar e prender os chefões que dão as ordens para os “soldados do crime”, disse o delegado. “Sem identificarmos quem está por trás dessas execuções, é como se a gente estivesse enxugando gelo. Identificamos, prendemos os executores, enchemos os presídios mas os problemas continuam porque os mandantes arranjam novos soldados”, acrescentou.
O trabalho de identificação dos chefões do crime só poderá ser feito após um exaustivo trabalho de investigação, com investimentos em tecnologia e inteligência, “além da integração da Polícia Judiciária com a Militar, com o Tribunal de Justiça, o Ministério Público, além de órgãos da União como a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. Essa integração pé fundamental”, disse.
O delegado tem consciência de que a Secretaria de Polícia Civil será administrativamente reduzida à condição de um departamento de Polícia Judiciária, vinculada à Secretaria de Segurança, mas acha que isso em nada atrapalhará à atividade policial. “Estou conversando com todos os delegados, vou conversar com todos os policiais para mostrar a eles o quanto a sociedade depende de nós e da integração que precisamos para vencer aos criminosos”, disse. “Eles são muitos e fortes, mas o estado é mais forte do que eles”, disse.
A origem do problema, de acordo com o delegado, data de seis ou sete anos atrás. “Eu estava em atividades burocráticas da Polícia, mas sempre sabia que as autoridades de então diziam que o Acre não tinha o problema das facções”, disse Henrique Maciel. “Eles não sabiam, ou não queriam acreditar, é que o problema estava sendo gestado, que os soldados do crime estavam sendo treinados e se armando e agora cabe a nós combatermos isso de forma sistemática”, afirmou.
O secretário falou inclusive sobre as brigas generalizadas e quase diárias entre jovens, do sexo feminino e masculino, dentro do Terminal Urbano, em Rio Branco. Para ele, isso é reflexo de falta de maior policiamento e ostensivo e que, embora não seja atribuição da Polícia Civil, vai procurar ajudar de forma a resolver o problema no local.
Para combater as matanças das facções, além de identificação dos mandantes, a Polícia civil vai ter que trabalhar com a integração na questão dos homicídios e dos assaltos e priorizar alguns crimes que têm trazido essa sensação de insegurança. “O Estado avançou muito mas nós temos que avançar muito mais. Mas não basta ser só a Polícia Civil. Precisamos trabalhar integrados com a Polícia Militar e convencer os nossos policiais da necessidade da sociedade em relação ao nosso trabalho. É isso que temos que fazer. Estamos organizando nossa casa, conversando com todos os delegados, e vamos conversar também com todos os policiais em busca de um pouco de tranquilidade para o nosso Estado e para a nossa população. Nós, policiais, também somos cidadãos como qualquer outra pessoa e a gente quer também um pouco de paz”, disse Henrique Maciel. .