Deputada conhecida como “mulher das espingardas” agora é contra armamento

O decreto do presidente Jair Bolsonaro que regulamenta uso e porte de armas no país, inclusive com a liberação de compra de fuzil por qualquer cidadão, terá pelo menos um voto contrário dos 11 integrantes da bancada federal do Acre no Congresso Nacional, cujos membros, deputados e senadores, são amplamente favoráveis à proposta. O voto será o da deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC), a mesma que, em mandato anterior, quando da aprovação do Estatuto do Desarmamento, defendeu a manutenção de armas, do tipo espingarda, para colonos e seringueiros da Amazônia.

Por causa daqueles posicionamentos, ela chegou a ser conhecida na época como “a deputada das espingardas”, mas, sob Bolsonaro, é contra o uso de arma de fogo por civis, mesmo por categorias, como políticos eleitos, como estabelece o decreto presidencial. “Defendi as espingardas para seringueiros, colonos e ribeirinhos como ferramenta e subsistência para quem vive na floresta, mas sou contra o armamento urbano, mesmo por categorias’, disse Perpétua Almeida. “Não é por isso que seria a favor do decreto assinado pelo presidente para botar arma na mão da população”, acrescentou.

Almeida também citou pesquisas de opinião pública as quais revelam que pelo menos 65% da população são contra a medida adotada por Bolsonaro. As pesquisas mostram que a população é contra o uso de armas por pessoas no trânsito, em bares e feiras, por exemplo. “Agora, até fuzil é possível ser comprado. Isso é como se armar os bandidos e fragilizar a polícia”, acrescentou a deputada.

Perpétua Almeida/Foto: Reprodução

O decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro que regulamenta o porte e posse de armas no país permitirá a qualquer cidadão comprar um fuzil. A compra do fuzil passou a ser possível a partir da nova classificação estabelecida pelos responsáveis pelo decreto. No documento aumenta em até quatro vezes o valor do poder de fogo de armas que podem ser adquiridas pelos civis. A nova classificação inclui o fuzil T4, arma usada por forças táticas militares e produzida no Brasil pela empresa Taurus.

De acordo com a deputada, a Taurus, maior fabricante de armas no Brasil, só está esperando a total regulamentação do decreto para vender o T4 para civis e já haveria até filas para a aquisição do armamento na versão semiautomática. Se o decreto for aprovado como proposto, as armas adquiridas podem ser entregues em até três dias depois da compra. Isso vai ser possível porque o decreto do governo federal, com novas regras para a posse e porte de armas no Brasil, mudou a classificação do armamento que passa a ser de uso permitido.

Antes do decreto, os brasileiros só podiam comprar armas com energia cinética até 407 joules. Isso se refere a revólveres, de calibres 32 e 38, e pistolas de calibre 380. O decreto sobe o limite para o uso de armas com 1.620 joules, ou seja, quatro vezes mais do que é estabelecido atualmente. O T4, fabricado no Brasil, de calibre 5.56, tem força cinética de 1.320 joules.Com isso, passam a ser permitidas pistolas de calibre ponto 40 — hoje autorizadas apenas para forças policiais —, as pistolas nove milímetros (de uso de policiais federais) e de calibre 45 (empregado pelos militares do Exército).

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