Estudantes pedem cassação do vereador N. Lima por dizer que havia plantação de maconha na Ufac

Não houve guerra nem sangue no encontro entre estudantes, técnicos e professores da Universidade Federal do Acre (Ufac) na sede da Câmara Municipal de Rio Branco, na manhã desta segunda-feira (20). Havia um clima de tensão no ar porque, na semana passada, um dos membros da Câmara, o vereador N. Lima (PSL), ao discursar em defesa do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, em relação aos cortes de verbas para as universidades, justificou o fato falando de vandalismo nas universidades e até de plantio de maconha nos campus universitários, incluindo a Ufac.

Presidente do DCE da Ufac, Richard Brilhante/Foto: arquivo pessoal

Os estudantes, principalmente, prometeram reagir e o clima na Câmara Municipal parecia dos piores. Mas o que deveria ser uma sessão tensa, acabou se transformando numa solenidade em que estudantes, técnicos e professores puderam expor seus motivos em defesa da Universidade e pediram apoio da classe política, inclusive dos vereadores, contra o corte de verba. O clima de arrefecimento da tensão foi causado, provavelmente, pela ausência do vereador N. Lima na sessão. Embora tenha enviado assessores para acompanhar a sessão, o vereador, que é ex-militar, preferiu evitar o confronto.

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Isso, no entanto, não deve por fim às dores de cabeça do vereador face às suas declarações. Na sessão solene, em nome da Ufac, foi feita uma denúncia contra N. Lima à Comissão de Ética da Câmara Municipal para a abertura de procedimento em relação ao vereador. “Ele vai ter que prova o que disse e apontar onde estão plantados os pés de maconha. Se não conseguir provar, como não vai, queremos que ele seja criminalmente responsabilizado”, disse o presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Ufac, Richard Brilhante. A punição, no caso, seria a cassação do vereador.

N.Lima fez declarações polêmicas/Foto: reprodução

 A sessão foi encerrada com a divulgação de um manifesto, entregue a todos os vereadores e à mesa diretora da Câmara, concitando os parlamentares, inclusive a N. Lima, a percorrerem o campus universitário a pé, para constatarem a inexistência do plantio de maconha ou outra atividade desabonadora da atividade acadêmica. No desagravo assinado pelo presidente do DCE, até mesmo trecho de uma discussão entre os ministros Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso, no Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado, foi trazido à tona. “A vida de V. Exa. é ofender as pessoas. Não tem nenhuma ideia. Nenhuma. Só ofende as pessoas. Qual é sua ideia? Qual é a sua proposta? Nenhuma! É bílis, ódio, mau sentimento, mal secreto, uma coisa horrível. V. Exa. nos envergonha”, disse, na época, Barroso olhando de frente a Gilmar Mendes, que não replicou.

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No caso de N. Lima, o manifesto dos estudantes diz que o vereador jamais cursou uma universidade e se o fez, desaprendeu tudo. ‘É por conta de um vereador que não consegue pronunciar fake news em uma tribuna, que milhares de jovens estudam para mudar a realidade de Rio Branco”, acrescentou o manifesto.

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