Mais de R$ 800 mil foram recuperados em operação que prendeu ex-superintendente no Acre

Balanço da Policia Federal divulgado nesta quinta-feira (09) em relação à operação “Ojurua”, deflagrada no Amazonas e no Acre e que levou à cadeia o ex-superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis) neste Estado, Carlos Gadelha, além de outros servidores do órgão, revelam que esta já é a maior ação policial do órgão na região no ano de 2019. A operação foi montada na última quarta-feira (08) visando desarticular organização criminosa envolvida em desmatamentos, grilagem de terras, lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo fazendeiros e funcionários públicos que atuavam em Boca do Acre, Amazonas, e no Acre, em Rio Branco e municípios do interior.

Carros recuperados pela PF/Foto: Reprodução

Também foram apreendidos pelo menos R$ 800 mil reais em espécie e 8.700 cabeças de gado, em fazendas de propriedades dos envolvidos, além de 11 veículos (a maioria pick-ups de luxo), 11 tratores, dez amas de fogo e até mesmo um avião monomotor. Foram cumpridos 36 mandatos de busca e apreensão, no Ace, em Rio Branco e interior, e no Amazonas.

Em Boca do Acre, entre os envolvidos estão inclusive oficiais da Polícia Militar do Amazonas, além de pecuaristas da região, disse a Polícia Federal. A operação envolve mais de 180 policiais, que cumpriam 18 mandados de prisão, 36 de busca e apreensão. Além do Acre e Amazonas, as investigações se estendem ao estado de Minas Gerais, onde também foram localizados envolvidos com os crimes cometidos nesta parte da Amazônia brasileira. As ações contam com cooperação do Ministério Público Federal e apoio de tropas do Exército.

Avião recuperado/Foto: Reprodução

Já estão presas nos dois estados amazônicos 17 pessoas. Uma delas é o ex-superintendente do Ibma, Carlos Gadelha, também ex-vereador em Brasiléia (AC). De acordo com a Policia Federal, servidores do Ibama, sob a liderança de Gadelha, recebiam propinas para deixar de lavrar autos de infração por desmatamentos. Eles também deixavam de multar responsáveis por crimes ambientais, repassavam aos evolvidos informações privilegiadas sobre fiscalizações ambientais e não apreendiam maquinário utilizado para desmatamentos na floresta.

Ao longo dos últimos anos, os investigados foram alvo de 169 autos de infração lavrados pelo Ibama, somando aproximadamente R$ 147 milhões em aplicação de multas. As ações dos agentes cobriam 86 mil hectares, a área equivalente à duas vezes a área urbana da cidade de Rio Branco.

O nome da operação é uma referência a um livro, que virou filme interpretado pelo ator Marcos Palmeira como personagem principal, e autoria do escritor Nei Leandro de Castro, e seria uma referência a um homem que desafiou o próprio diabo. Este seria, aliás, o codinome de um dos envolvidos. “Capeta” era o apelido de Gadelha na época em que era vereador do MDB de Brasileia.

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