No dia 13 de março de 2019, a empresária Carol Sampaio comemorou seu aniversário de 37 anos com uma festa de luxo para famosos no Hotel Copacabana Palace, no Rio. O Instagram tremeu. Estavam lá Bruna Marquezine, Isis Valverde, Adriane Galisteu, Paolla Oliveira, Paula Fernandes.
A festa seria o fato mais marcante da cultura pop brasileira naquela data se, depois de circular por lá, Paula não tivesse ido para seu quarto de hotel e escrito o verso que abalaria ainda mais as redes sociais e conversas pelo Brasil. Foi a noite em que ela criou o “Juntos e shallow now”.
O G1 conversou com Paula Fernandes para conhecer os bastidores da versão da música de Lady Gaga. A ideia foi do empresário, que achou que a letra em português seria bem aceita nas rádios. Paula diz que escreveu um 2 horas. A estranha frase bilíngue foi discutida na manhã seguinte.
Paula defende a “licença poética”, mesmo admitindo a falta de sentido do refrão sobre amantes “juntos e shallow” (“raso” em inglês).
Outros detalhes foram mais difíceis de serem recuperados. A cantora diz que se apaixonou pela música ao ver o filme, mas não se lembra de onde o assistiu: “Acho que foi no avião”.
E Paula avisa: já tem outras versões prontas. “Juntos” não será sua última. Leia a conversa:
G1 – Quando você conheceu a música e decidiu fazer a versão de “Shallow” em português?
Paula Fernandes – Foi paixão à primeira vista. A primeira vez que ouvi foi no filme mesmo. Fiquei muito surpresa com o resultado, pois sei que a Gaga é atriz e compositora, e achei que ela se saiu muito bem. A música é um hino. Eu sempre fui muito fã.
G1 – Você viu “Nasce uma estrela” no cinema?
Paula Fernandes – Acho que foi num desses voos que eu faço muito.
G1 – Ah, então estava viajando? Para onde?
Paula Fernandes – Acho que foi no avião sim, tenho quase certeza, mas não lembro qual voo.
G1 – E como veio a ideia de fazer a versão?
Paula Fernandes – A primeira coisa que aconteceu foi eu aprender a letra em inglês. Daí acabei tocando em um estúdio onde meu empresário [Marcelo Maia] estava. Ele publicou um vídeo com isso.
A ideia da versão veio dele mesmo. Ele estava conversando com um radialista, comentando sobre a repercussão do vídeo que ele publicou. Mas eles falaram do fato de 60% das rádios do Brasil só tocarem músicas em português. Claro que topei na hora. E sou da mesma gravadora dela (Universal), o que facilitou. Fomos falar com a gravadora no Brasil e eles me apoiaram.
G1 – Você já foi falar com eles com a versão pronta?
Paula Fernandes – Não. Foi só depois que a Universal Brasil apoiou que fui fazer a versão. Eles iriam mandar para o exterior e pedir aprovação. Aí tive que fazer de um dia para o outro. Fiz em uma madrugada.
G1 – Mas houve algum contato direto com a Lady Gaga?
Paula Fernandes – Não. Mas fiquei feliz só de ela ter me ouvido e aprovado a versão.
G1 – E como foi a escolha pelo Luan?
Paula Fernandes – Foi uma unanimidade mesmo. Todo mundo foi opinando, e dizendo que tinha que ser o Luan. E a gente nem tinha conversado. Só foram falando. “Luan”, “Luan”, “Luan”, inclusive eu.
G1 – Vocês se encontraram para gravar ou cada um mandou sua parte?
G1 – Você já tinha feito outras versões em português de versos de “You’re still the one”, com a Shania Twain, e de “Long Live”, com a Taylor Swift. Fazer “Shallow” foi semelhante?
Paula Fernandes – Todas foram responsabilidades grandes. Nunca fiz tradução ao pé da letra. Eram sempre adaptadas, porque muitas vezes as palavras em português não ficam com acabamento bom. A linha melódica não acompanha. Uma coisa é falar “you” e outra é falar “você”.
Tive a liberdade de falar o que eu estava sentindo. A mesma coisa que fiz com Alejandro Sanz e Juanes. Quando chegou a responsabilidade da Lady Gaga, me senti preparada. Essa segurança que a gente adquire quando grandes artistas confiaram suas versões a você. Estou honrada.
G1 – Você acompanhou a repercussão desde o início, quando começaram a divulgar a letra?
Paula Fernandes – Foi o Neymar Jr que postou o refrão da música. Eu comecei a receber os memes. Apareceram milhares, e fiquei fascinada com aquilo. Foi tanta gente. Eu não conseguia ver tudo. As pessoa me marcavam. O brasileiro não tem limite. Eu estou me divertindo muito com isso. Foi um barulho nacional. Fazia tempo que uma música não tem tanta repercussão.
G1 – Faz mesmo. Dá para entender sua ideia de aproveitar o refrão já conhecido e apostar na sonoridade. Por outro lado, você não esperava que as pessoas fossem estranhar a falta de sentido?
Obviamente alguém não ia gostar. Assim como muita gente abraçou, e todo mundo cantarola. Fui reconhecida todos esses anos por um trabalho muito bem feito. Não dá para agradar a todo mundo. O Almir Sater diz que contra boas obras não há argumentos. Eu não queria comparar. Foi uma coisa que ficou suave.
Eu também tenho a licença poética de me expressar dessa forma. E todo mundo esquece que tem um contexto do início da música que é muito profundo, quando fala sobre colar os nossos pedaços. Aí entrou o meu dom criativo, e eu tenho muito orgulho disso. Como eu digo: se não gosta, não entra no meu perfil.