Não havia amor. Pelo contrário, só ódio, muito ódio. Era este o sentimento da cabelereira Rosana Auri da Silva Cândido em relação ao filho Rhuan Maycon, o garotinho que foi esfolado vivo e esquartejado pela própria mãe com a ajuda da parceira dela, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa – crime ocorrido na noite de 31 de maio, em Samambaia Norte, cidade satélite de Brasília, no Distrito Federal.
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O sentimento de ódio em relação à criança e que levou a mãe a cometer um dos crimes mais torpes da história recente da crônica policial no país foi relatado pelo delegado de polícia responsável pelo caso, Guilherme Melo, da 26ª DP do Distrito Federal. O delegado esteve inclusive no Acre investigando o passado das duas mulheres e em Rio Branco concluiu que a mãe jamais teve uma relação afetuosa com a criança e que a sequestrou em 2015 apenas como uma forma de vingança contra o ex-marido e pai de Rhuan e ainda por ódio ao ex-sogro, que era apegado a Rhuan.
De acordo com o delegado, a Polícia Civil do Distrito Federal já concluiu o inquérito e o enviou à Justiça nesta quarta-feira (12). As duas mulheres foram indiciadas por quatro crimes: homicídio qualificado, tortura, ocultação de cadáver, lesão corporal gravíssima e fraude processual – elas tentaram limpar o local onde a criança foi morta. As penas relacionadas aos quatro crimes, se somadas, podem chegar a 57 anos de prisão para cada uma das assassinas. O inquérito seguiu para o Ministério Público, que deve oferecer a denúncia nos próximos dias.
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De acordo com o laudo cadavérico, Rhuan Maycon levou no mínimo 12 facadas, sendo que duas atingiram o coração, revelou o Instituto Médico Legal (IML) do DF. As duas mulheres tiveram participação ativa nos crimes, sendo que a mãe biológica portava a faca enquanto a suposta madrasta segurava o menino enquanto que ele era esfaqueado.
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Em depoimento, a mãe de Rhuan disse que era de fato vingativa e chegou a fazer alusão ao Antigo Testamento da Bíblia Sagrada em que o sentimento de justiça é baseado no princípio de que sangue lava-se com sangue.
As duas acusadas seguem presas, pelo 12o dia, na ala feminina do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Elas estão isoladas, em celas separadas, sem contato com outras detentas, porque correm risco de serem assassinadas pelas outras presas. A violência do crime revoltou inclusive as presas que se mostram capazes de matarem as duas acreanas.