Uma perseguição na manhã deste domingo no Centro do Rio acabou numa troca de tiros entre policiais militares e um carro com quatro homens. Agentes do 5º BPM (Praça da Harmonia) dispararam contra o carro que segundo policiais vinha em velocidade saindo do baile funk da comunidade Santo Amaro. Três pessoas foram baleadas e mortas, uma foi ferida e encaminhada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, também no Centro.
O tiroteio fechou a Avenida Presidente Vargas. A via está parcialmente interditada, sentido Praça da Bandeira, de acordo com o Centro de Operações. Viaturas da PM estão no local.
Segundo a polícia, o carro com placa de Montes Claros, em Minas Gerais, foi interceptado na esquina das avenidas Beira-Mar e Antônio Carlos, mas os ocupantes não obedeceram a ordem de parada, dando início à perseguição pela Rua Primeiro de Março, sentido Candelária. Ao mesmo tempo, um outro carro da polícia seguia pela contramão na Avenida Rio Branco. Os policiais conseguiram, então, alcançar o veículo. Houve troca de tiros.
Os suspeitos perderam o controle do carro e invadiram a calçada. O carro com marcas de tiros atingiu a agência do Santander, na Praça da Candelária.
Até as 11h deste domingo, conforme dados do Denatran, o veículo (um Honda Fit 2016/2017) não constava como roubado.
O morador de rua Eduardo Barbosa Silva presenciou toda a ação final. Ele estava guardando seus pertences na hora do confronto. Morando no local há um mês, Eduardo trabalha com artesanato e está desempregado há quatro meses. Ele contou que, por cerca de seis metros, não foi atingido pelo veículo.
– Já vi cenas assim nesse pouco tempo na rua. Nunca tão de perto. Foi apavorante – diz.
Os PMs no local afirmam que todos estavam no veículo. A polícia informou que apreendeu três pistolas Glock, calibre 9mm, e diversos carregadores.
Chacina
A Igreja da Candelária foi palco de uma das maiores chacinas do Brasil, na madrugada de 23 de julho de 1993. Os alvos do massacre foram 40 crianças e adolescentes que dormiam nos arredores da igreja. Seis menores, com idades entre 11 e 17 anos, e dois rapazes de 18 e 19 anos foram fuzilados por homens que passaram em dois carros. Um deles, o jovem Wagner dos Santos, na época com 21 anos, foi obrigado a entrar em um dos carros e depois abandonado nos jardins do Museu de Arte Moderna, atingido por quatro tiros. Um ano depois, Wagner sofreu outro atentado e atualmente mora na Suíça. Em 1993, Wagner conseguiu fazer o retrato falado de um dos envolvidos na chacina e os investigadores conseguiram identificar três suspeitos, que eram PMs da ativa e um quarto envolvido foi um agente expulso da corporação.
Os quatro foram condenados pelo crime. Maurício da Conceição, conhecido pelo apelido “Sexta-feira Treze”, morreu durante o processo judicial e os outros três, identificados como Nelson Oliveira dos Santos Cunha, Marco Aurélio Dias de Alcântara e Marcus Vinícius Emmanuel Borges, somavam penas de mais de 200 anos de prisão. No entanto, todos foram soltos antes de cumprirem 20 anos. Depois de sair da cadeia, em 2012, Marcus Vinícius, considerado o principal responsável pelos crimes, foi condenado novamente pelo Ministério Público do Rio.