A delegação brasileira chefiada pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC) que se encontrou com uma série de autoridades do Peru em Lima, desde o último dia 10 de junho, encerra sua visita oficial àquele país nesta sexta-feira (14), quando retorna ao Brasil. A delegação é integrada, além de Márcio Bittar, pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC), e os deputados federais Manuel Marcos (PRB/AC) e Capitão Alberto Neto (PRB/AM), além dos governadores dos estados de Rondônia, Coronel Marcos Rocha, e do Acre, Gladson Cameli.
Os congressistas e outras autoridades do Peru devem retribuir a visita com uma vinda ao Acre, ainda no primeiro semestre deste ano. A visita seria em preparação para o encontro do presidente do Peru, Martin Vizcarra, com o presidente Jair Bolsonaro, em território brasileiro, possivelmente em Rio Branco(AC), em outubro ou novembro deste ano.
O primeiro compromisso da delegação brasileira, logo após a chegada a Lima, foi uma audiência protocolar com a primeira vice-presidente do Congresso da República do Peru, Leyla Chihuán. Ela declarou que Brasil e Peru são dois países irmãos, que possuem boas relações, mas que ainda podem e devem ser melhoradas e destacou que as duas nações têm muitos problemas em comum. “A solução passa, necessariamente, por esforços conjuntos e a presença de uma delegação parlamentar brasileira de tão alto nível contribui enormemente nesses esforços”, disse a congressista peruana.
Na condição de chefe da delegação, Márcio Bittar agradeceu a acolhida das autoridades peruanas e disse que que governos brasileiros passados optaram por relações internacionais baseadas em ideologia, “em detrimento de outros aspectos que considera mais importantes”, e que, segundo ele, nas últimas eleições venceu uma visão de mundo e de política externa diferente”.
O senador destacou a necessidade de aprofundar as relações com o Peru e que é preciso trabalhar a cooperação de maneira mais abrangente e não apenas em algumas pautas. Uma das pautas que o senador considera como das mais importantes é a da integração física entre os dois países, através da estrada que pode ligar a cidade de Cruzeiro do Sul à cidade de Pucallpa, no Peru, “com potencialidade de ser um corredor de escoamento de exportação não apenas do Acre, mas do centro-oeste brasileiro, para a Ásia, por meio do Oceano Pacífico”.
Para Márcio Bittar, o Peru pode ser uma grande porta de saída para o comércio com o mundo, que é preciso combater as ideologias que ainda mantém os povos amazônicos na miséria sob o pretexto de preservação ambiental. “Não é coincidência que a região menos desenvolvida do Peru seja a amazônica e que, no Brasil, a região menos desenvolvida também seja a amazônica. Isso é resultado de uma política equivocada de exploração econômica da região”, disse o senador.
A delegação brasileira também foi recebida pelo presidente da Liga Parlamentar de Amizade Peru – Brasil, Juan Carlos del Águila. Ele disse honrado em poder receber os brasileiros e destacou que os dois países possuem potenciais econômicos muito grandes e que somente um relacionamento próximo pode proporcionar um melhor aproveitamento desses potenciais. “Além das questões econômicas existem as questões sociais que são grandes desafios para os dois países, mas que, juntos, podemos superá-los”, disse.
Os brasileiros foram recebidos ainda pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Congresso da República do Peru, presidida pelo Congressista Luis Galarreta. O senador Marcio Bittar foi convidado a compor a mesa diretora dos trabalhos, nos quais o congressista Galarreta afirmou que os laços de amizade entre o Brasil e o Peru se estreitam cada vez mais com visitas parlamentares e que isso só foi possível devido ao grande realizado pelas chancelarias dos dois países. “Destaco a importância da diplomacia parlamentar, visto que os acordos internacionais devem ser referendados pelos parlamentos. Portanto, é vital que os parlamentares participem da formulação desses acordos para contribuir com o conteúdo e fazer com que os acordos caminhem com maior facilidade”, disse.
A comitiva brasileiro se encontrou também com o ministro das Relações Exteriores, embaixador Néstor Popolizio, que classificou o encontro como uma reunião histórica, já que, pela primeira vez, o governo peruano estava se reunindo com governadores de estados amazônicos. “Temos tudo nas mãos para reativar as relações com o Brasil. O presidente Vizcarra tem todo interesse em que essas relações sejam aumentadas e fortalecidas”, disse o chanceler, reafirmando que a chancelaria peruana está trabalhando fortemente para que o encontro presidencial previsto para novembro, em Rio Branco, aconteça e que seja um sucesso.
O senador Marcio Bittar disse, no encontro com o chanceler, que tanto Brasil quanto Peru passaram e passam por uma turbulência política e que isso refletiu no relacionamento dos dois países como causa do afastamento que hora se tenta corrigir. Para Bittar, sempre será um prazer encontrar com um chanceler que é da região amazônica e conhece as dificuldades e potencialidades da região”, disse o senador, ao criticar, fortemente, a interferência de determinados países na Amazônia, “em assuntos que são soberanos e que devem ser tratados e resolvidos levando em consideração apenas o interesse dos brasileiros’.
Márcio Bittar afirmou ainda que é necessário aproveitar o momento político atual, em que há interesse e boa vontade em ambos os presidentes, para que prevaleça o interesse interno, destacando a importância da união de todos para o desenvolvimento conjunto.
A delegação também participou de um Forúm Empresarial Peru – Brasil, aberto pelo embaixador do Brasil no Peru, Rodrigo de Lima Baena Soares, n o qual foram debatidos a possibilidade de conexão logística e comercial dos eixos central e amazônico dentro do Plano de Infraestrutura para a Integração Regional Sulamericana.
A última reunião da comitiva deu-se nesta quinta-feira (13), com o Carlos Moráu, Ministro do Interior, e Jose Luis Lavalle, vice-ministro de segurança pública do governo peruano. Para os dois, a segurança pública e de fronteiras é prioridade para a pasta, que já determinou que os comandantes do policiamento dos estados fronteiriços procurem os seus correspondentes brasileiros para trabalhar em conjunto na luta contra o crime organizado e o narcotráfico.
O senador Marcio Bittar destacou que a taxa de homicídios no Peru é muito baixa e que no Brasil passa de 30 homicídios por 100 mil habitantes. “Por isso, é importante a sintonia com o governo federal para o combate a todo tipo de criminalidade”, disse, ao ressaltar que os acordos com o Peru são prioritários e contam com o apoio do parlamento brasileiro.