Será que a Inteligência Artificial (IA) pode ser mais eficiente que os médicos no diagnóstico do câncer de pulmão?
É o que indica um estudo recente realizado por cientistas da Universidade Northwestern, em Illinois, nos Estados Unidos, em parceria com o Google, que esperam aumentar com esta tecnologia a eficácia do diagnóstico da doença.
A identificação de tumores em estágio inicial facilitaria o tratamento do câncer.
A equipe responsável pela pesquisa afirmou que a inteligência artificial terá um papel “enorme” no futuro da medicina, mas o software ainda não está pronto para uso clínico.
O estudo se concentrou no câncer de pulmão, que mata mais pessoas (1,8 milhão por ano) do que qualquer outro tipo de tumor.
É por isso que os EUA recomendam a realização de exames para identificar a doença a pacientes considerados de alto risco devido a um longo histórico de tabagismo.
No entanto, esses exames podem resultar em biópsias invasivas para pessoas que não têm câncer, além de não conseguirem detectar alguns tumores.
Como foi o estudo?
O estudo utilizou inteligência artificial para determinar se a análise de tomografias computadorizadas poderia ser aprimorada.
O primeiro passo foi treinar o software por meio de 42.290 imagens de tomografias de pulmão de quase 15 mil pacientes.
Os pesquisadores não indicaram à inteligência artificial o que procurar, apenas quais pacientes tinham câncer e quais não.
Em seguida, o software foi testado contra uma equipe de seis radiologistas especializados na interpretação de tomografias.
O programa foi mais eficiente que os radiologistas ao examinar uma única tomografia computadorizada, e foi tão eficaz quanto quando havia várias tomografias para serem interpretadas.
Os resultados, publicados na revista científica Nature Medicine, mostram que a inteligência artificial poderia aumentar a detecção do câncer em 5%, e ao mesmo tempo reduzir os falsos positivos (pessoas diagnosticadas erroneamente com câncer) em 11%.
“O próximo passo é aplicá-la a pacientes em um ensaio clínico”, afirmou Mozziyar Etemadi, da Universidade Northwestern, à BBC.
Segundo Etemadi, a inteligência artificial às vezes “sinaliza um nódulo pulmonar que, em todos os aspectos, parece benigno, mas o programa acredita que não é. E eles geralmente estão certos”.
“Uma área de pesquisa científica é descobrir por quê”, acrescentou.
Etemadi afirma que, se for realizado um trabalho conjunto entre a inteligência artificial e os médicos, o resultado seria ainda mais eficaz – e a IA poderia ter um grande papel na medicina.
Rebecca Campbell, do instituto de pesquisa Cancer Research, do Reino Unido, diz que é animador ver inovações tecnológicas que possam um dia ajudar a detectar câncer de pulmão em estágio inicial.
“Do mesmo modo que aprendemos com a experiência, esses algoritmos executam uma tarefa repetidamente, e cada vez ela é ajustada um pouco para melhorar a precisão”, diz ela.
“Detectar o câncer precocemente, quando é mais provável que o tratamento seja bem-sucedido, é uma das formas mais poderosas de melhorar a sobrevivência, e o desenvolvimento de uma tecnologia que não seja invasiva poderia ter um papel importante”, completa Campbell.
“Os próximos passos serão testar essa tecnologia ainda mais para ver se ela pode ser aplicada com precisão a um grande número de pessoas”.