No dia 1 de janeiro de 2019 Gladson Cameli (Progressistas) assumiu o governo do Acre após 20 anos de hegemonia petista no estado. A vitória do progressista nas urnas foi cercada de grande expectativa da população, que o elegeu ainda no primeiro turno com uma vitória acachapante.
Além do governador, foram eleitos para as duas vagas no senado, os dois candidatos que concorreram ao lado de Gladson, Márcio Bittar pelo MDB e Petecão pelo PSD. Na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa o governador também emplacou a maioria de aliados. A oposição voltava a dirigir o estado depois de um longo hiato. O último governador antes da era PT foi justo o tio de Gladson, Orleir Cameli, falecido em 2013. Orleir governou o Acre entre 1995 e 1998.
Passados seis meses do novo governo, é hora de fazer um balanço do que Gladson conseguiu fazer até agora. Acertos, erros, promessas, declarações e dança das cadeiras. É tanta coisa, que a gente precisou fazer uma lista. Veja o que foi notícia nesse primeiro semestre do governo:
Janeiro
Janeiro foi o primeiro mês de governo de Gladson Cameli e como era de se esperar, houve uma enxurrada de promessas e também de mudanças. Logo no dia 1, na posse, Gladson reduziu as secretarias do governo de 22 para 14 pastas. Ainda na posse, disse que iria pagar o 13º dos servidores públicos de 2018, o pepino deixado pelo antecessor somava mais de 54 milhões de reais.
“A caneta que nomeia é a mesma que exonera”, foi assim que Gladson deu posse aos novos secretários e deu 120 dias para que apresentassem resultados, já mostrando que eles não teriam vida fácil na gestão. Durante a posse dos novos secretários foi a vez secretário de Segurança Pública, Paulo Cesar, dar uma declaração polêmica, ele disse que em 10 dias a população já ia sentir uma sensação de paz.
Ainda no início de janeiro vazou um áudio do governador cobrando que não fossem nomeadas pessoas ligadas ao PT. “Vamos parar com qualquer nomeação ou situação que possam ter membros do PT na Administração. Isso é uma determinação minha”. Até a mãe do governador, Linda Cameli, saiu em defesa do filho. Nas redes sociais ela pediu que as pessoas fossem pacientes e dessem tempo para ele arrumar o estado.
E teve até roubo no início da gestão, depois do sumiço de equipamentos do sistema de informação do Estado o governador classificou o episódio como “fraude politiqueira”. Apesar de ter maioria na Câmara, Senado e Aleac, teve racha na base do governo, o prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim, e a deputada Meire Serafim, ambos do MDB, anunciaram a saída da base antes do governo completar 10 dias.
No dia 14 o governador decretou uma varredura nos atos de Tião Viana nos últimos 60 dias de seu mandato. Com 20 dias de gestão, a pressão já era grande e o governador desabafou nas redes sociais. “ Vinte dias não são vinte anos. Não tenho dúvidas que, unidos, venceremos todos os obstáculos. Não vamos governar baseados em especulações, chantagens e pressões de pessoas que distorcem questões e atacam a honra alheia. Se o momento é de unidade, lamento não enxergar isso em várias pessoas”.
No fim de janeiro, a situação estava tão complicada que o governador chegou a dizer que ia decretar situação de calamidade financeira no Estado, o que acabou não se concretizando. Na educação, Gladson anunciou um colégio militar em Cruzeiro do Sul e prometeu inaugurar mais dois até o fim da gestão, um em Sena Madureira e outro em Tarauacá.
Com o orçamento apertado, Cameli decretou um contingenciamento orçamentário de 15% em toda a administração pública. Nos derradeiros dias de janeiro, o governo lançou a nova identidade visual da gestão de Cameli: “Visão de futuro, governo de todos”. E antes de terminar o mês, mais um decreto foi publicado, dessa vez ordenando a suspensão de todos os empenhos e pagamentos de despesas deixadas pelo governo de Tião Viana, PT e afirmou que estudava acabar com a aposentadoria para ex-governadores, que custam R$ 5,5 milhões de reais anuais aos cofres do Estado.
Janeiro ainda teve tempo para o primeiro baque no governo. O secretário de Polícia Civil na epóca, Rêmulo Diniz, foi afastado do cargo por suposta ligação com o crime organizado.
Fevereiro
Fevereiro começou um pouco melhor para o governador com a eleição de Nicolau Junior como presidente da Aleac em chapa única, o que demonstrou a força da base governista no legislativo. No início do mês Gladson descartou decretar calamidade financeira:”Não há necessidade disso, não irei politizar a situação”, mas logo em seguida, no dia 7, o governador anunciou um rombo no orçamento do estado de R$ 581 milhões, sendo que o governo anterior anunciou que tinha deixado dinheiro em caixa.
No dia 8, Ney Amorim, ex adversário político de Gladson, é nomeado secretário de Assuntos Extraordinários e Estratégicos do Estado. No Facebook, o governador fez um anúncio polêmico, disse que ia acabar com os radares que aplicam as multas eletrônicas em todas as cidades do estado. O imbróglio não foi solucionado até hoje.
No dia 11, os governos do Acre e Rondônia assinaram um protocolo de intenções para fortalecer o desenvolvimento da agricultura e da pecuária dos dois estados. Em 15 de fevereiro o governo do Estado decretou calamidade pública na Saúde, por meio do Diário Oficial, devido a falta de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Já no dia 17, Gladson lamentou a crise que se encontra a saúde pública do Estado e defendeu o secretário de Saúde, na época, Alysson Bestene das críticas que vinha recebendo desde que assumiu a pasta tramnsferoindo a responsabilidade pela situação caótica era da gestão anterior.
Na metade de fevereiro teve também impasse entre governo e prefeitura sobre a realização do carnaval, o que acabou fazendo o governo desistir de prosseguir com a festa. Antes do mês terminar, Cameli ganhou a adesão do PDT, partido que estava na Frente Popular, e foi para a base governista. O Governo Federal doou mais 700 fuzis de calibre 762 ao estado, e na solenidade de entrega do armamento Gladson declarou que guerra à violência: “Lugar de bandido é na cadeia”.
Ainda em fevereiro, o Ministério Público recomendou a exoneração, do secretário extraordinário de Articulação Política, Vagner José Sales, do diretor na Secretaria da Casa Civil, James Gomes, e do presidente do Instituto de Previdência do Estado do Acre (Acreprevidência), Alércio Dias, além de todos os agentes, por força de nomeação, que têm condenação em ações de improbidade administrativa.
Março
Logo no primeiro dia do terceiro mês de mandato, uma decisão polêmica. O governo anunciou que ia transformar o ainda em construção Museu dos Povos Acreanos em um Centro Administrativo. Um pouco mais na frente, o governador e a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, iniciaram tratativas para alinhar ações de infraestrutura no Estado e Município, dando um claro sinal de aproximação entre governo e prefeitura. No fim de março, com 80 dias de governo, Gladson parecia mais otimista afirmando que “o governo já deu certo”. Pouco tempo depois, em uma visita à Fundhacre, Cameli pediu ajuda dos demais gestores para colocar o Acre nos trilhos: “Sozinho não consigo”.
Abril
No dia 1 de abril, o governador e o então secretário de Saúde, Alysson Bestene, anunciaram um processo seletivo para a Saúde. Na ocasião, eles disseram que foi a brecha encontrada para “salvar a Saúde” do estado, já que não tinham recursos para fazer um concurso. Ainda nos primeiros dias de abril, Gladson revogou o decreto que impedia pagamentos de dívidas deixadas pelo seu antecessor, Tião Viana.
Apesar das muitas ações nos meses anteriores, foi no dia 10 de abril, com 100 dias de mandato que Gladson disse: “O meu governo começa hoje”. Se o governo começou ali, já começou com dança das cadeiras. No dia 15, o governo do Estado do Acre resolveu por fim à novela e exonerou do cargo de presidente do Acreprevidência, Alércio Dias. E teve mais exoneração no alto escalão, no dia 24 o governador exonerou Raphael Bastos do cargo de secretário de Planejamento do Acre por “incompatibilidade do modelo de gestão adotado pelo secretário em relação ao apresentado pelo Governo do Estado”. Quem assumiu no lugar dele foi a secretária de Gestão Pública (SGA), Maria Alice.
Maio
Depois de herdar a dívida do 13º do governo anterior logo que assumiu, Gladson tratou de se antecipar, e ainda em maio anunciou que o dinheiro para o pagamento do 13º de 2019 já estava reservado. Irritado com os entraves na Saúde, o governador chegou a afirmar que existe um cartel na secretaria e por isso a Saúde não ia pra frente, ele disse ainda que sua paciência estava “no limite”.
No mesmo mês ele encaminhou para a Aleac um ofício solicitando ao parlamento um projeto de Lei que possa garantir que até o fim de seu mandato, o seu salário não seja reajustado. PL que foi aprovada no mês seguinte.
Houve ainda uma baixa no legislativo, o então líder do governo na Assembleia, Gerlen Diniz, abandonou a liderança. Na Polícia Civil houve troca de comando, saiu Rêmulo Diniz e entrou Henrique Maciel. A Polícia Militar também teve o comando trocado, o governador exonerou Mário César e nomeou o Coronel Ezequiel Bino para o Comando-Geral da PM. Após o imbróglio para definição do cargo de presidente do Acreprevidência, o governo indicou Francisco Assis para o cargo, que foi aprovado pelos deputados. Antes do mês terminar, o governo ainda criou 1350 cargos comissionados.
Junho
Em junho o troca troca continuo, dessa vez na Saúde, Alysson Bestene foi exonerado e Monica Feres foi nomeada para assumir oficialmente a Sesacre. Bestene foi nomeado como secretário de Relações Políticas e Institucionais do governo do Estado, ele assumiu no lugar de Vagner Sales, que exercia o cargo de secretário de Articulação e foi exonerado. Ney Amorim, que também era secretário de Articulação pediu para deixar o cargo no mesmo mês.
Na Aleac, quem assumiu o cargo de líder do governo foi o recém chegado na base governista, Luiz Tchê, do PDT. E enfim, o governo começou a notificar os ex-governadores sobre extinção do pagamento de pensões.