Na semana em que completou seis meses de gestão, o governador Gladson Cameli (Progressistas) realizou uma rodada de entrevistas para falar sobre o período, avaliar os avanços e adiantar o que encontra-se em planejamento para execução nos próximos períodos de seu governo.
Ao ContilNet, em uma conversa exclusiva no seu gabinete no Palácio Rio Branco na noite desta terça-feira (03), Gladson Cameli revelou como conseguirá obter recursos financeiros para realizar novos investimentos. Revelou também que serão instalados pontos eletrônicos para controlar assiduidade dos médicos nas unidades de saúde da rede estadual e que não tem problema em demitir secretários de Estado, caso estes não se alinhem aos propósitos da gestão.
A seguir, a primeira das três partes da entrevista, na qual o governador fala ainda sobre outros assuntos, entre os quais da relação política com o vice-governador Major Rocha (PSDB) e responde se está contornada a crise com a irmã dele, a deputada Mara Rocha (PSDB).
O senhor considera que nestes primeiros seis meses alcançou as metas traçadas para o período?
Além das metas. Nós fomos além. Consegui com o Tesouro Nacional a possibilidade de pegar todas as dívidas de financiamento do Estado e vender para uma única operação, para um único banco. Você imagina, você tem dez financiamentos para bancos diferentes pega tudo que você deve e vende para um único credor banco para que possa ter uma carência maior com juro menor e com o Tesouro Nacional como fiador. E o que traz de bom para o estado. Para se ter uma ideia, numa simulação feita por um dos bancos que tem interesse em comprar, nós vamos injetar, por ano, no Estado meio bilhão de reais de economia. Isso quer dizer R$ 2,4 bi na minha gestão em investimentos. Este é só um exemplo.
E esses investimentos serão em todas as áreas?
Sim, mas o foco é em infraestrutura, habitação. Eu quero focar muito na área de saneamento, drenagem e esgoto. Como, por exemplo, esse esgoto da Maternidade que cai no Canal. Eu tenho que resolver isso. Não pode ficar assim e esse é um dos grandes projetos que quero fazer, vou ver com nossos engenheiros para que a gente, realmente possa resolver esse problema de uma vez por todas porque o que não pode é esse esgoto ficar a céu aberto e prejudicando a saúde da população.
Sobre sua relação com o vice-governador Major Rocha, recorrentemente surgem notícias de possíveis crises entre vocês. De fato, já houve alguma crise ou sempre foram só rumores?
Entre mim e o vice-governador a relação é muito positiva. Lógico que tem algumas divergências nas opiniões, o que é natural, mas brigas, crises, não. Não temos nenhuma. Minha relação com ele é a melhor possível, tem me ajudado a governar, participa do governo e eu vou fazer uma pergunta respondendo a sua: teve algum vice que teve maior espaço como o nosso vice tem na minha gestão, comparando com outros vice-governadores que passaram? Eu acredito que não e aí eu não posso falar pelos outros, mas nós, graças a Deus, temos uma relação muito boa, muito positiva, o Rocha tem me ajudado muito, tem sido um parceiro mesmo.
E a questão envolvendo a irmã dele, a deputada Mara Rocha, foi contornada? O vice-governador interviu no sentido de apaziguar? Foi possível?
Na questão com a deputada Mara Rocha, eu sei o que você sabe. Fui informado pela imprensa. Não tive muito contato com ela, até porque eu ando muito ocupado e não tive nenhum contato, agora conto com ela para que venha ajudar o estado. Que ela me ajude, ajude os acreanos, vote a favor da Previdência. É isso que eu peço a ela, que mande recursos para nós porque estamos precisando muito. Mas eu não tive nenhum contato, não precisou e eu não envolvi o vice-governador nessa questão até porque é irmã dele. É uma situação que eu tirei de letra porque nós temos tantos problemas para resolver no estado.
E por falar em problema, o senhor considera o que a deputada Mara Rocha falou sobre o seu secretário de Produção e Agronegócio, Paulo Wadt, um problema? Ela fez algumas denúncias, falou sobre corretagem de imóveis dentro da secretaria. O senhor mandou apurar isso? Acredita que esteja acontecendo no seu governo?
Tudo que acontecer, se alguém citar qualquer situação no meu governo… e olha que eu mesmo, como governador, tenho denunciado, tenho falado o que eu acho em algumas secretarias como a da Saúde, dei algumas cutucadas. No Depasa, mais recentemente, andei falando e quero que seja realmente investigado, que seja apurado e se eu estiver errado ou ela estiver errada, que venha a público e esclareça. O que importa é que seja investigado. Eu conversei com o Paulo e ele me garantiu que não tem nada de irregular na gestão dele. Eu confio. Ele é o meu secretário de Produção e eu tenho que acreditar no que ele diz, até que me provem o contrário.
Na Saúde, a substituição do secretário Alysson Bestene pela médica Monica Feres já resultou em alguma melhora significativa? Qual?
Realmente ela estava fazendo um trabalho de reconhecimento da área. Sendo gestora, então a Mônica vai mudar dois subsecretários, vai colocar dois coronéis. Um para gerir a parte financeira e outro para parte de gerência. Então eu estou muito otimista com o trabalho dela. Ela vai começar a envolver. Vai implantar ponto eletrônico e vai fazer uma escala para que a gente possa cobrar dos médicos o serviço deles e não cobrar ou exigir aquilo que eles não possam cobrir, que não esteja na escala médica. Então estou muito otimista. Eu acredito que ela pode dar respostas positivas. Ainda é muito cedo para fazer qualquer julgamento com a secretária, mas ela sabe que eu vou cobrar. Ela me pediu um prazo e o prazo foi dado. Ela me pediu a despolitização da Saúde e eu já autorizei, então quem ela quiser trocar ela tem autonomia para trocar.
Além do secretário Alysson Bestene, nestes seis meses o seu governo já substituiu outros dois titulares de pastas importantes: o porta-voz, Rogério Wenceslau, depois Raphael Bastos do Planejamento. Essas mudanças que o senhor já fez no seu governo são indicativos de que? O governo ainda está se aplumando nos trilhos, procurando rumo? O que indicam esses sinais de mudanças tão bruscas nesse começo?
É que os secretários vão ter que me acompanhar. Acompanhar a linha do governo. Eu defendo a transparência 100%, defendo o diálogo aberto, “esticar a corda” até onde puder. Defendo a liberdade de expressão, não só da imprensa, mas de todos. Agora melindres e algumas outras situações que possam atrapalhar o governo, eu não posso permitir. A cobrança é muito grande em cima da gente e quando eu aceitei esse desafio, é porque eu sei quais são os desafios que tenho pela frente como governador do Acre. Eu não tenho problema em mudar secretários, mas vou fazer isso com responsabilidade. Ninguém muda secretário como troca de roupa. Eu estou falando de um governo de Estado e isso envolve milhares de pessoas. É coisa séria.
continua…