O apicultor Roberto Santi, de 79 anos, está passando por uma situação incomum na criação de abelhas. No ramo há 35 anos, ele conta que por conta do grande volume de queimadas e de fumaça, as abelhas estão fugindo das colmeias.
Santi faz parte da cooperativa de apicultores Acremel, e diz que eles estão organizando uma audiência pública para tentar sensibilizar as autoridades e a população a respeito da importância das abelhas não só para os apicultores, mas pra toda a humanidade. “As abelhas são responsáveis por 70% de todo o alimento que a gente consome no mundo. São elas que fazem o trabalho de polinização”, diz.
Outro fator que tem contribuído para a diminuição da produção dos apicultores é o uso indiscriminado de agrotóxicos. O produtor conta que hoje em dia não consegue produzir nem um terço do que produzia há 15 anos, e ele atribui isso ao aumento do uso do que ele chama de “veneno”, que são os agrotóxicos. Só no primeiro trimestre desse ano mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores apenas em quatro estados brasileiros, segundo levantamento da Agência Pública e Repórter Brasil. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões no Mato Grosso do Sul.
E como se não bastasse ter que lidar com um problema, o dos agrotóxicos, agora os apicultores precisam também lidar com a fuga das abelhas por conta das queimadas. Roberto diz que já não é mais possível ver colmeias com tanta facilidade na natureza, e nos apiários os insetos estão fugindo. E faz o alerta de que o mel pode acabar, “abelha não faz mel com fumaça. Se não tem mais flores, não tem mel. Daqui a pouco tempo pode faltar mel no mercado”, afirma.